Deveríamos sempre dizer a verdade, mesmo com risco de vida?
(Ron du Preez)
Deveríamos sempre dizer a verdade, mesmo com risco de vida?
Do autor Ron du Preez
A Sra. Hasel era cristã e que queria somente ajudar os necessitados. Era a Segunda Guerra e a Gestapo estava caçando judeus. Ela deu abrigo a Fritz, de 12 anos, judeu. A Gestapo bateu à sua porta e fez uma pergunta direta: “Sra. Hasel, o Fritz está em sua casa?” A vida de uma criança inocente estava em jogo! O que você responderia à Gestapo?
Todos enfrentam a tentação de ser menos honestos exagerando, plagiando, insinuando, adulterando números.
O que deveria fazer um professor quando um ex-aluno demérito pede uma recomendação? Robert Thornton sugere uma resposta indefinida: Se a pessoa sempre foi sempre negativa, poder-se-ia dizer: “Sua contribuição foi sempre crítica”. Sobre alguém capaz de estragar qualquer projeto, poder-se-ia dizer: “O que quer que ele assuma – não importa quão pequeno – sempre estará cheio de entusiasmo.”
William Lutz denomina essa forma de comunicação como “falar duplo”: "fazer as mentiras parecerem verdadeiras, o negativo parecer positivo.” Jerry White observa: “Praticamos engano quando levamos alguém a crer numa mentira, mesmo falando palavras verdadeiras.”
Ainda quando estudante Ron du Preez, autor deste artigo, aprendeu a ser cuidadoso para nunca dizer mentiras, mas não tinha escrúpulos ao enganar através de um encolhimento de ombros ou perguntando evasivamente “Como saberia eu?” Aprendeu também que a desonestidade verbal e o engano não-verbal são igualmente condenáveis.
O nono mandamento ensina: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. A natureza legal do mandamento proíbe o perjúrio malicioso. E no sentido mais amplo, “Não mentireis, nem usareis de falsidade para com o seu próximo.” Santo Agostinho admoesta: “Nem devemos supor que haja uma mentira que não seja pecado”. No Sermão da Montanha, Jesus Cristo ensinou que todo pecado começa na mente, antes de achar expressão em atos.
E as histórias bíblicas onde pessoas mentiram por causas dignas? Sifrá e Pua, parteiras hebréias, enganaram Faraó e conseguiram salvar a vida de Moisés, o grande líder do Êxodo dos hebreus. Raabe, a prostituta, mentiu aos soldados ao esconder dois espias israelitas. Durante o cerco de Jericó, Raabe e sua família foram salvas por sua fidelidade. Esses exemplos parecem aprovados por Deus quando nos deparamos com conflitos morais. Mentir para salvar vida seria então, legítimo e moralmente correto.
Mas a idolatria, a imoralidade sexual, a trapaça e o engodo, em muitas ocasiões atraíram castigos de Deus. Deveríamos evitar transgredir os mandamentos morais de Deus, incluindo abster-se de todo engano.
Não há relato de que Deus tenha condenado Sifrá, Puá e Raabe. Mas a falta de uma condenação não é indicativa de legitimidade.
Deus sempre providencia para que numa situação onde uma pessoa seja forçada a enganar, haja uma saída moralmente correta.
E numa emergência de vida ou morte? O que disse a Sra. Hasel quando lhe perguntaram se Fritz estava em sua casa? Sabendo que a providência divina produz resultados melhores, ela encarou o soldado e disse: “Como oficial do exército alemão você sabe qual é sua responsabilidade, e você está convidado a cumpri-la”. O nazista deu meia-volta e foi embora.
Noutra história da Segunda Guerra, a Sra. Knapiuk e sua filha estavam vivendo num quarto, quando uma menina judia entrou correndo e escondeu-se debaixo da cama. Todos sabiam do perigo de abrigar judeus. O dono de uma padaria e sua filha foram levados para um campo de concentração porque ele vendeu pão para um judeu.
Para a Sra. Knapiuk, as coisas aconteceram tão depressa que ela nem teve tempo de pensar: sentou-se à mesa, abriu a Bíblia e começou a ler e orar. Quando um soldado entrou, ele reconheceu o que ela estava lendo e disse “Boa mulher”, e foi embora.
“Princípios cristãos verdadeiros não param para pesar as conseqüências.” (Ellen G. White). Quando confrontados com dilemas de vida ou morte, imaginamos o que poderia acontecer se tomássemos decisões baseadas em especulações. Erwin Lutzer afirma que queremos ser como o Altíssimo, capazes de calcular os resultados de nossa “retidão”. Não podemos predizer nem os próximos cinco minutos, quanto mais o futuro!
Como tomar decisões morais? Não importam as circunstâncias e não interessa o resultado. Nosso modelo de moralidade não é Sifrá, nem Pua, nem Raabe e sim Jesus Cristo, em cuja boca jamais se achou engano.
A resposta à pergunta inicial “Deveríamos sempre dizer a verdade? encontra-se na inequívoca veracidade bíblica “Não mintais uns aos outros”, o que somente é possível quando “vos despojastes da velha natureza, com seus hábitos, e vos revestistes de uma nova natureza que progredirá em direção do verdadeiro conhecimento, na medida em que ela é renovada na imagem do seu Criador” (Colossenses 3:9).
Ron du Preez (D.Min. pela Andrews University, Th.D. pela University of South África)
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