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Confissão
(Carlos C. de Andrada)

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CONFISSÃO                                                                                                                               Minha vida é como a de um ser humano qualquer, salvo algumas manias e peculiaridades que todos possuem. Porém muitas vezes eu fico sentindo uma angústia enorme, um pavor de tudo e um sentimento de vazio. Gostaria de viver uma paz eterna, tranquilidade infinita num universo de prazeres. Minha busca é pelo sossego, pelo êxtase da vida, entretanto, se eu tiver de lutar com alguém ou batalhar numa determinada situação para alcançar isso, eu não vou fazer. Não porque eu não quero, mas porque eu realmente não consigo. Sendo assim, minha vida torna-se um terrível impasse, algo que não se pode resolver, pois voltar no tempo e resolver qualquer problema pendente é impossível, e, pelo lado inverso, o futuro vira um fracasso antecipado, sem perspectiva de melhora devido à esse catastrófico estigma. Nem mesmo a morte, a aniquilação física total, me aliviaria ou resolveria a situação, visto que não se sabe o que vem depois. O pior, claro, seria, além de uma morte dolorosa e violenta, o Inferno: a dor, o sofrimento e o desespero eternos, sem fim, sem chance de perdão ou fuga. Um meio termo é o Nada ou o Purgatório (se é que ele existe): dessa forma eu poderia pelo menos suportar a solidão, o afastamento total de tudo e de todos, além de leves tormentos; Numa terceira possibilidade eu serei varrido absolutamente de todos os planos de existência, de modo que meu corpo, minha mente, minha consciência, minha alma e meu espírio acabarão, sem lembrança nenhuma, sequer um ínfimo de memória. O destino mais feliz, como acredito que seja o objetivo de grande parte da humanidade, quem sabe fôsse o Céu, também chamado de Paraíso, onde as paisagens são magníficas e a natureza esplendorosa; Os Jardins do Éden, com suas mulheres lindíssimas e suas comidas deliciosas; Os Campos Elísios, com suas diversões extasiantes e sua alegria infinita. Bem, acredito que isso não seja para mim, não que eu não queira e deseje ardentemente, com todas as minhas forças, terminar lá - ou talvez me reerguer, partir de um novo começo - mas a minha apatia, minha insegurança, a história da miha vida contada através de minhas ações serão insuficientes para que eu tenha méritos e dignidade para entrar lá. Provavelmente nem alcançarei esse patamar, nem sequer chegarei perto. A minha existência já é uma espécie de inferno que eu tento esquecer sempre que posso. Eu não sou quem gostaria de ser, não tenho as características que gostaria de ter.                                                                                                                                                      Não queria apagar as qualidades que tenho, e sim somar algumas virtudes, que apagariam deficiências muito graves. Essas deficiências não têm nome, apenas palavras que parecem com elas em maior ou menor escala: covardia, medo, ódio, rancor, ressentimento. Eu não consigo, não sou capaz de reagir no momento certo, no lugar certo, contra a pessoa certa e depois fico remoendo isso dia após dia, meses e anos a fio. Eu queria muito ser feliz, mas não sou. Acho que posso buscar prazer em várias coisas, porém afirmar que eu sou feliz, que eu estou bem comigo mesmo, que eu me orgulho da minha vida: isso não, nunca! Já houve inúmeras tentativas de apagar o passado, cancelar os maus momentos em minha mente e começar uma vida nova, mais tranqüila, porém isso só funciona na teoria. Se faço isso num dia, no dia seguinte a realidade vem e me esmaga, destroça minhas esperanças! Talvez a única solução seja fazer um esforço enorme para não pensar nas porcarias e abandonar as críticas, realizando somente atos de solidariedade e colaboração através das minhas qualidades. E eu tenho algumas: sou inteligente, bonito, honesto, compreensivo, simpático, íntegro e afetivo. Mas eu não sei...Às vezes eu trocaria sem hesitar beleza e inteligência por força e coragem. Está cada vez mais difícil, cada dia que passa é pior, mais angustiante. Nervosismo e depressão, taquicardia, queimação no estômago, dores de cabeça; minha vida começou a se tornar um inferno agora mesmo, e eu acho que não tem mais volta. É insolúvel...Porcaria! Só sinto um pouco de alívio quando surge algo agradável de se fazer, alguma coisa que me energiza. Pode ser uma apresentação musical, uma ida ao cinema, uma reunião qualquer para comemorar um evento ou até uma noite com uma prostituta. Nessas ocasiões eu esqueço tudo, me liberto e deixo a adrenalina fluir. Talvez a única maneira de me libertar dessa tortura seja eu esqueces as questões gerais e o ativismo político, do qual fui ardente participante, e tentar viver só, e somente a minha própria vida, buscando a centralização na minha existência. Eu ainda sou novo, talvez consiga buscar a minha felicidade; sempre há esperança, mesmo diante de uma limitação extrema.



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