Fenomenologia : articulando nexos,costurando sentidos
(Ariane P. Ewald)
Fenomenologia
Através de Husserl, foi apresentada ao mundo uma nova forma de ver o mundo.
Não deixando de lado a influencia de Franz Brentano e Karl Stumpf, ambos exercendo importante papel para a formação de tal movimento, a Fenomenologia é diretamente associada a Husserl a partir da década de 1910.
Preocupando-se facilitar o acesso e o conhecimento do mundo, a Fenomenologia não pode ser vista apenas como forma de acesso ao mundo ou forma de pesquisa para compreensão de objetos, pois passa também a ser ontológica, não se caracterizando apenas pela simples descrição que faz dos fenômenos, mas também pelo caráter filosófico que traz aliado a uma nova percepção dos fenômenos manifestos e incontestáveis.
Movido por seu interesse em astronomia, Husserl dedica-se à matemática que acaba por aproximá-lo da Filosofia pelas questões que ele mesmo levantara sobre os princípios matemáticos.
Tal aproximação levou Husserl a freqüentar, por cerca de dois anos, os cursos de Brentano, que lhe despertara ainda maior interesse na Filosofia, “levando-o a dedicar-se exclusivamente a ela, movido pelo impulso veemente de encontrar fundamentos que sustentassem outras inúmeras ciências” (Fragata, 1962. p. 12)
Além da distinção de fenômenos psíquicos e fenômenos físicos e da idéia de intencionalidade de Brentano (os fenômenos psíquicos, como a consciência - até então vista como elemento vago por não haver positividade, controle e sequer fundamento empírico - passam a ser previsíveis, partindo da experiência e torna-se acessível através dos atos intencionas da consciência e seus modos de relação com o mundo), a influencia das discussões epistemológicas empreendidas por Wilhelm Dilthey é que Husserl inicia uma constante busca pelo o que nomeia mais tarde de “Ciência Eidética”.
Por indicação de Brentano, Husserl vai para a Universidade de Halle, como assistente do psicólogo e professor Karl Stumpf, cuja perspectiva psicológica de estudo seguia as influências de Brentano opondo-se às de Wundt.
Segundo Spigelberg (1976), Stumpf exerce influente papel dentro do movimento fenomenológico, sendo que a partir da influencia de Brentano ele estabelece uma distinção entre fenômenos – sons, cores, imagens – e funções mentais, indicando o estudo destes fenômenos como fenomenologia.
Etimologicamente o termo phainomenon indica “aparência”, “o que aparece”, dando então sentido à recomendação de Husserl de tomarmos os fenômenos como ponto de partida, pois sendo o fenômeno aquilo que é manifesto, a consciência é sempre intencional, já que existe sempre consciência “de” alguma coisa.
Tal ponto de partida leva Husserl à redução psicológica, ou epoché (epokh?), que nada mais é do que colocar entre parênteses os pré-conceitos, pré-juizos e afins para chegarmos às coisas mesmas tais como são.
Adota-se assim um conceito de alteridade, evitando partir de “verdades” estabelecidas para se chegar a conclusões filosóficas.
Como resultado da redução fenomenológica proposta por Husserl, chegamos ao conceito de vivência imediata da consciência, exteriorizada por atos intencionais (uma percepção, uma emoção, uma imaginação, uma lembrança, por exemplo) que visam um objeto, adotado por Husserl para discutir a questão do conhecimento “[...] o psíquico não é aparência empírica; é “vivência”, averiguada na reflexão” (HUSSERL, 1965, p.33).
Assim, a real percepção do objeto passa a ser subjetiva ao invés de objetiva.
Tomando a consciência como condição fundamental para o conhecimento, estabelece-se outra perspectiva do homem sobre o mundo, permitindo um acordo entre ambos, um relacionamento dualista de sujeito-objeto cujo acesso é intermediado pela Fenomenologia.
Resumos Relacionados
- Epistemologia E Filosofia
- Principais Escolas Psicológicas
- Existencialismo: Articulando Nexos,costurando Sentidos
- Perguntas E Respostas Sobre A Filosofia; Hegel, Husserl E O Pensamento Epistemológico Contemporâneo
- Filosofia - Abstrato E Complexo
|
|