Procurando o Comércio Sustentàvel
(Luis Correia)
EM BUSCA DO COMÉRCIO SUSTENTÁVEL
Diz-se que os mercados têm uma sabedoria que é superior à do homem. Não é fácil questionar uma fé quase religiosa, a principal vaca sagrada da economia, a crença inabalável da omnipotência do comércio livre.
Mas o comércio livre foi uma das maiores decepções. Afinal, o mercado é realmente livre, e livre de quem ou para quê? É de calcular que os que têm o controlo – os governos e as pessoas de negócios – nos estão a conduzir para o abismo.
Instituições de planeamento global como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, estão a ignorar a evidência crescente de uma eminente catástrofe social que espalhará por toda a parte desigualdades e inseguranças perigosas. Estas instituições não estão a trabalhar para a maioria da humanidade e as raizes do conflito não se encontram entre os espoliados e os pobres, mas nas nossas politicas globais que os conduziram à retaliação.
Segundo a teoria a que alguns chamam de comércio livre, mas que na verdade não é mais do que abusivo, deviamos apreciar o facto de o globo se estar a transformar num xadrez para que os que conseguem deslocar capital e projectos rápidamente de um lado para o outro. Nós, as pessoas de negócios, segundo esta teoria, contribuiremos para o bem comum se pudermos andar de país em país sem restrições – em busca dos salários mais baixos, dos regulamentos ambientais menos exigentes, dos trabalhadores mais dóceis.
Existe sempre algum lugar no mundo em que as condições são um pouco piores. Basta olharpara a forma como quase todas as indústrias procurão os salários e padrões mais baixos possiveis. No passado recente tinhamos a China a Coreia o Vietmane, onde os salários e os padrões ambientais eram ainda mais baixos e os abusos humanos ainda mais sordidamente encobertos.
O novo capital nómada nunca cria raizes nem constrói comunidades; deixa atrás de si detritos tóxicos e trabalhadores amargurados. Os dogmáticos do comércio livre são completamente imunes a estes “factores externos” e argumentam que precisamos de ainda mais comércio livre para produzir mais rendimentos para limpar os estragos. É dificil saber se havemos de rir ou de chorar, ao ouvir este tipo de barbaridades.
Muitos diriam que o comércio livre cria trabalho e crescimento. Não creio que um comércio desenfreado traga inevitavelmente crescimento a nada, a não ser lucros de curto prazo e destruição ambiental a longo prazo.
Como subproduto do crescimento económico produzimos uma classe inimiga formada pelos que são excluidos ou forçados a descer. Produzimos conflitos sob a forma de aumento do crime, violência, drogas e egoísmo.
É preciso medir o progresso pelo desenvolvimento humano, não pelo produto bruto.
Condensado de Bussines Strategy Review- 1996 by Oxford University Press.
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