O Movimento Slow
(Carl Honoré)
Devagar se vai ao longe
Vontades mudam o ritmo do tempo
Sexo lento. Saborear cada pedaço de pele do seu companheiro e conhecer-se melhor a si, através do estímulo de sensações diversas e do atraso do climax. O sexo tântrico está cada vez na moda e o aumento do número de adeptos a esta prática, na qual mais do que o prazer final, interessa o prazer potenciado a cada passo no caminho percorrido a dois, justifica os benefícios da usufruição de cada segundo a dois, eternizado em cada gesto.
À semelhança da busca pelos ritmos mais vagarosos e lânguidos, a fome de fugir ao stress diário e ao ritmo acelerado das sociedades dos nossos dias é cada vez maior. A euforia pelo fast food começa a dar lugar ao movimento slow food. Comer devagar proporciona uma sensação de saciedade por metade dos alimentos e respectivas calorias, ingeridas por quem come depressa, não dando tempo ao cérebro para processar a informação que dá ao corpo - a que está a ser alimentado.
Cozinhar os alimentos que nascem ao seu ritmo da forma mais natural possível, lentamente, permite garantir uma perda mínima de vitaminas e de nutrientes saudáveis. Uma caminhada pausada no final do dia, garante um exercício temperado, dispersa tensões acumuladas, fomenta uma maior oxigenação, contribui para uma melhor saúde do coração e um traduz-se num recuperador de energias saudáveis.
A obesidade (uma das doenças do século XXI), em conjunto com todas as complicações de saúde que acarreta, os problemas cardíacos, resultado dos elevados índices de colesterol, da falta de prática de exercício físico temperado e do stress diário, as psicoses, depressões e respectivas repercussões no círculo familiar e relacional e na produtividade das empresas, podem encontrar a solução tão esperada no vigor do movimento “abrandar”.
Até os desportos caminham hoje em dia no sentido de optimizarem os resultados, reduzindo o ritmo da prática, um pouco à semelhança da história da lebre e da tartaruga. De acordo com alguns estudiosos, o exercício físico à base de movimentos lentos provoca mais perdas calóricas e maior ganho de massa muscular, do que usando manobras rápidas. O triunfo do tai-chi, dos exercícios de pilates e do yoga são disso exemplo. A par dos exercícios calmos, originários do oriente, triunfam também nas sociedades ocidentais, as técnicas de relaxamento, de meditaçao e de filosofia orientais. A paz encontra-se devagar, ao ritmo de cada um.
Seja o que for que se coma, alimente o corpo ou a alma, ou ambos, a aceleração provocada pela Revolução Industrial está a sair mais cara do que lucrativa e a preocupação pela qualidade ganha terreno à quantidade. Hoje, mais que nunca, a inovação e a diferença marcam a sobrevivência no mercado, cada vez mais competitivo, e tal só é possível graças ao espaço para a criatividade, maximizada em momentos de descompressão.
Também o descanso e o trabalhar menos horas seguidas promove a criatividade e, por consequênia a produtividade. Os trabalhadores ficam mais descontraídos, logo mais felizes. Diminuem drasticamente a probabilidade de acidentes de trabalho ou de baixas por doença e ao mesmo tempo, aumenta a sua capacidade de trabalho, reduz o absentismo e a felicidade no local de trabalho, que contagia os resultados do todo, aumenta o espírito de equipa.
A própria escola tradicional que prima pela enorme quantidade de conteúdos difundidos dentro do menor tempo possível, independentemente de serem ou não interiorizados ou mesmo úteis na prática diária ou profissional do estudante, está a decair devido ao absentismo e à falta de interesse cada vez maior dos jovens pela escola.
Novas tendências surgem com enfoque na preocupaçao dos adultos de amanhã e dos seus interesses, respeitando as suas necessidades de conhecimento e dos seus próprios ritmos de aprendizagem, dando prioridade ao saber bem determinada matéria que vá efectivamente ao encontro do interesse que cada jovem pem ou procura para si e, preferencialmente, que possa ser utilizado de uma forma construtiva no seu futuro pessoal, comunitário ou profissional. Neste sentido, surgem disciplinas mais direccionadas para o indivíduo e a sua formação ao invés de se centrarem nas tarefas.
A medicina é outro dos campos que obtém vantagens com o contágio pelo movimento slow. Alguns estudos revelam que parte da saúde do ser humano depende da mente, e a sanidade desta depende em grande medida da nossa relação connosco, com o mundo e com quem nos rodeia. Os médicos, face à crescente lista de enfermos das doenças do novo século, acodem aos doentes como quem avia um cliente num hipermercado. Mais do que o medicamento certo (cada vez mais difícil de encontrar, devido à ausência da verdadeira escuta/detecção do problema real), os doentes precisam de alguém que os escute, que compreenda na totalidade o seu estado único de mal-estar e não apenas que os medique com base na identificação rápida e supericial dos sintomas da sua maleita. Os estudos dos efeitos do uso de placebo mostram a força que a mente tem na cura de maleitas. O médico que é também homem e companheiro, que procura sanar dos males físicos visíveis e dos ocultos (muitas vezes causas dos primeiros) obtém melhores resultados e pratica uma ética de Hipócrates mais eficaz, se abrandar o seu atendimento e centrar a sua atenção no doente e não no relógio.
As ideias acima expostas resumem algumas das analisadas por Carl Honoré, no livro O Movimento Slow , editado por Estrela Polar, em 2006.
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