Negro não entra na Igreja, espia da banda de fora – Protestantismo e e
(José Carlos Barbosa)
A preocupação central do livro é explicar como se deu a relação entre protestantismo brasileiro e escravidão.
Tal qual os católicos que, conluiados com os conquistadores e protegidos por suas armas e seus favores fizeram ouvidos moucos aos lamentosos apelos dos negros, também os protestantes não souberam ouvir as insistentes súplicas produzidas pelos negros escravos esparramados por todos os eitos e cantos do Brasil.
A parábola do Bom samaritano, contada por Jesus, se mostrou bastante verdadeira mais uma vez na história. Católicos e protestantes se comportaram do mesmo modo que sacerdotes e levitas, repetindo idêntico gesto de se esconder da vítima estendida no chão. Jesus assinalou que próximo e irmão do oprimido foi apenas o Samaritano. Os negros escravizados no Brasil nem isso tiveram, praticamente não puderam contar com nenhum contemporâneo samaritano.
Os protestantes, tal qual os sacerdotes e levitas, não atenderam aos negros escravizados porque tinham compromissos mais importantes e prioritários a cumprir. Fiéis adeptos do racionalismo europeu, eles desenvolveram uma estratégia que visava alcançar sucesso diante de uma tarefa desafiadora, difícil, quase impossível de ser realizada. Ficaram ocupados e obcecados na tarefa de implantação da nova religião num país impermeável. Longe de qualquer dedicação mais séria e solidária com o sofrimento dos negros, os protestantes centraram seus esforços na tarefa de construir templos, catedrais, escolas e grandes edifícios, publicar livros, jornais, distribuir bíblias e fazer proselitismo. Imaginaram que após cumprida essa primeira tarefa, a de instalação e implantação no país, mais tarde teriam tempo para se preocuparem com princípios morais e valores éticos.
Somente quando movimentos em defesa da emancipação começaram a pipocar por todos os cantos do país é que os protestantes decidiram participar, ainda que timidamente
Cristãos, católicos e protestantes, fizeram de conta que não ouviam o lamento choroso e tonitruante dos pobres negros escravos. Com os ouvidos tapados, tal qual a tripulação do barco de Ulisses que não podia ser seduzida pelo canto mavioso das sereias, os cristãos não ouviram e nem permitiram que os negros entrassem em suas igrejas e só espiassem do lado de fora,
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