O Retrato de Dorian Gray
(Oscar Wilde)
Comecemos pelo texto em geral. Este possui uma contraditoriedade magnânima, o que nos leva a refletir sobre valores que carregamos até a presente época. Dorian parece ser um jovem astuto, no inicio, mas sem muitas ambições e nocividade, porém se revela o oposto ao atingir o poder de sua própria vida e a manipulação das vidas alheias. Sua beleza, seu encantamento, sua persuasão, são suas armas na dominação do próximo, além é claro de sua posição social. Este poder o torna cada vez mais independente, sobretudo da opinião da sociedade em relação aos seus princípios. O poder hoje, semelhante ao exercido por Dorian, pode ser avaliado como o poder dos políticos, que praticam crimes em suas diversas modalidades e não têm menor pudor diante da sociedade. Ou ainda o poder dos “filhos da classe alta”, que fazem do patrimônio público e até de pessoas, seus objetos de diversão, pois não estão “habituados” com a repressão dentro do âmbito familiar, e o fazem sem o menor receio de punição. Mas há um poder que está disfarçado, o poder da manipulação de idéias, presente no texto através de Lorde Henry, que está hoje presente no domínio da mídia sobre a grande massa popular. O ideal, o notório, a moda, tudo é ditado pela mídia e se estamos fora dos padrões “propostos “ somos simplesmente descartados. Será este o poder maior do que o dos antigos ditadores? Será esta a nova forma de opressão? É necessário refletir. E, dentro deste mesmo contexto de mídia e moda, chegamos ao nosso segundo ponto crítico, a fixação com a beleza que cresce a cada minuto. Dorian foi seu próprio espelho, capaz de entregar sua alma em troca da eterna beleza jovial. Talvez a influência que sofrera não fora tão grande quanto a que sofremos hoje, seria algo mais introspectivo. Mas hoje não. Vemos com clareza que essa fixação vem de fora, dos meios de comunicação, principalmente, como já citado. O que é o belo, o que é o perfeito senão aquilo que é imaginado, que existe somente na idéia, a fantasia. Fantasia esta não sonhada por nós, mas imposta por um e outro que tem poder. E o intelecto, a sabedoria, a genialidade, que são a nossa alma, só nos tornam desprovidos da beleza para os ditadores, ou então, são capitalizados em certa “tendência”. Porém, com conteúdo ou sem, não seremos os mesmos para sempre, o que nos leva a refletir sobre o tempo. O tempo é um simples fator de medição, mas em larga escala pode ser crucial para aqueles citados a pouco que buscam a beleza acima do conhecimento. Anos deixam suas marcas, e distante do mundo de Dorian, todos as sentirão. Mas por que conservar a face da infância se o melhor que o passar dos dias nos traz é a experiência? Viver agora e absorver cada gota de sabedoria que o tempo nos traz, sim, isto é manter a eterna clareza e serenidade da alma.
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