A Teta Assustada
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Fausta, aqui vivida pela protagonista Magaly Solier, vive o pesadíssimo legado de ter nascido de um estupro por um terrorista do Sendero Luminoso, nos anos 80.
Sua mãe, índia quechua, está morrendo no início da película, mas ela, conseguiu passar para Fausta a sua fobia pelos homens e pela sociedade. Provavelmente, por isso, Fausta é todo tempo arredia. Um bichinho acuado. Vivendo sempre com medo de que lhe dêem o bote.
Sua família humilde, ganha a vida animando festas de aniversários e casamentos. Ali, se vê nitidamente a miséria que, ainda, assola e muito, os povos latino americanos.
Fausta para pagar o enterro da sua mãe e levá-la para morar eternamente nas terras dos seus antepassados, vai trabalhar na casa de uma milionária pianista branca. Essa, também, possui os seus traumas e nesse mundo particular, depois de passado os portões da mansão, vivem as duas, os seus recalques. As suas mágoas. As sua fobias. As suas hostilidades.
Fora dos portões, um Peru expoliado pelas multinacionais e todos os tipos de estrangeiros que almejam um naco dos tesouros dos que descendem dos incas. Num infinito colonialismo que teima em não se desenraizar da cultura. Aos pobres, cumpre trabalhar e obedecer. Será?
Um belo filme. Aqui ou ali a diretora se deteve além do necessário nas imagens e há alguns pontos onde o roteiro ou a fotografia, não coadunavam. Parecem estar em mundos distantes. Mas nada que desmereça esse belo trabalho invulgar que ganhou prêmio no Festival de Berlim e no Festival de Gramado.
Precisamos de mais filmes assim. Que representem a realidade e a cultura dos povos latino americanos. Em que consigamos identificar dores e alegrias e não com excesso de lixo de imagens violentas e pirotécnicas que nada acrescentam e que possuem o único intuito de fazer tilintar caixas registradoras d'além mar.
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