A Vida e Obra de Fernando Pessoa
(Marco)
Apenas com seis anos de idade, confronta-se com a morte do pai e um ano depois, com a morte do irmão. Estas mortes significam uma profunda transformação na vida do poeta, nomeadamente no seio da família. Em breve, Fernando Pessoa iria conhecer um novo núcleo familiar e social, decorrente do casamento da mãe, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, com o comandante João Miguel Rosa, entretanto nomeado cônsul interino em Durban, casamento que se realiza por procuração em 1895. Depois do casamento, mãe e filho partem para Durban, África do Sul, onde Fernando Pessoa viverá até a data do seu regresso definitivo a Portugal, no ano de 1905. Rapidamente perde o privilégio da atenção exclusiva da mãe já que passa a reparti-la com o padrasto e com os sucessivos filhos que nascem deste segundo casamento de D. Maria. Encontra refúgio no seu isolamento, na sua imaginação e atração pela ficção (que se manifestara já desde os seus seis anos, ainda em Lisboa, com a criação do primeiro heterônimo - Chevalier de Pas) que o levam a criar, em 1903, os heterônimos Charles Robert Anon e H.M.F. Lecher, nas suas leituras de Shakespeare, Milton, Byron, Poe, Keats, Shelley, Tennyson, entre outros, e nos seus escritos.
Vive, pois, grande parte da infância e adolescência (cerca de 10 anos), nesse país, onde recebe uma educação inglesa. Os seus primeiros estudos e os seus primeiros textos são feitos em inglês. Fernando Pessoa nunca abandonará a língua inglesa. É através dela que trabalhará, mais tarde, já em Lisboa, como correspondente comercial. Apesar de vir a adotar para os seus escritos a língua portuguesa, continuará sempre a escrever em inglês, seja nos seus textos críticos e notas íntimas, seja nos seus trabalhos de tradução de poetas ingleses, seja nos seus textos poéticos (à exceção da Mensagem, os únicos livros que publica são os das coletâneas dos seus poemas ingleses: Antinous e 35 Sonnets, e English Poems I - II e III entre 1918 e 1921).
Em Durban, percorre, com sucesso, os diversos graus de ensino até se candidatar, em 1903, à Universidade do Cabo. Em 1904 recebe o Prêmio Rainha Vitória, concedido ao seu ensaio de inglês, prova de exame de admissão à Universidade do Cabo, realizado no ano anterior. Tendo a possibilidade de ingressar naquela universidade, Fernando Pessoa, como que respondendo a um chamamento da pátria, regressa, no entanto, sozinho, com 17 anos de idade, a Portugal, que nunca esquecera, associando-o sempre quer à imagem do pai quer à lembrança de uma infância feliz. Traz consigo o propósito de se matricular no curso superior de Letras de Lisboa. Vive nesta cidade, uma vida modesta, em casa de familiares e em quartos alugados. Apesar de efetuar a matrícula no curso referido, no ano de 1906, depressa se desilude com o ensino aí ministrado, não tendo sequer concluído o primeiro ano do curso.
Os seus conhecimentos de inglês constituirão fonte de sobrevivência para o poeta. Em 1908 inicia a profissão, no universo do comércio, como «correspondente estrangeiro. Dedica-se de modo profissional, ao longo da sua vida, aos trabalhos de correspondência comercial, sobretudo naquela que foi a sua língua mãe durante a adolescência. Esta atividade permitiu-lhe obter a independência econômica suficiente para se dedicar à sua intensa atividade literária e intelectual.
A sua estréia literária realiza-se na revista A Águia, com a publicação de uma série de ensaios acerca da Nova Poesia Portuguesa. A colaboração com esta revista dura, contudo, pouco tempo. Em 1914, o poeta afasta-se da revista, já movido pela experimentação de novas formas literárias.
A sua influência na literatura portuguesa deste século é indissociável da reunião do grupo na criação da revista Orpheu, na qual desenvolvem e expressam, de uma forma que causou escândalo, mas também inúmeras adesões, as tendências modernistas literárias. O isolamento e a solidão do poeta parecem ter marcado a maior parte da sua vida, ao longo da qual, todavia, foi criando, no sentido literal do termo, novos amigos. O primeiro, aos seis anos, a que chamou Chevalier de Pas; os mais conhecidos, entre 1912 e 1914, a que chamou Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos. A heteronímia é uma das facetas mais curiosas deste poeta e, para muitos, o resultado da desmultiplicação de um pensamento e de uma poética complexa e genial.
Para além da poesia heterônima e ortônima, Fernando Pessoa, nomeadamente entre 1925 e 1934, vai percorrendo, com uma entrega significativa, os campos do mistério e do ocultismo, bem como o da sua missão patriótica. Nem um nem outro são, no entanto, novos para o poeta, já que desde cedo experimentara e manifestara um interesse pelas regiões do ocultismo e do esoterismo e sentira que tinha uma missão elevada a desempenhar.
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