Nheengatu
(Afonso A. de Freitas)
'No ano de 1500 as praias brasileiras estavam povoadas de norte a sul por vários grupos de gentios originários de um só tronco e que em suas subdivisões se nomeavam tupis, tupis-guaranis e guaranis'. No interior, planalto mineiro, viviam os aimorés. Estes grupos seriam provenientes das regiões peruanas entre o rio Madeiras, o lago Titicaca e as nascentes do rio Beni, onde eram vizinhos dos quíchuas. Possivelmente remontariam aos Incas e uma vez migrados como um povo dividido em muitos grupos, dispersara-se pelas terras de "Pindorama". As levas que seguiam os primeiros imigrantes foram seguidas por outros grupos. Os tamoios pressionaram para o sul até encontrar com os guaranis que migravam em direção contrária, na região central de São Paulo, norte do Paraná e Paraguai. Os guaranis que detiveram a marcha dos tamoios no litoral, teriam origens na cordilheira dos Andes e descido o rio Paraguai e o Pilcomayo, chegando a Assunción onde se dividiram; uns ocuparam a atual região de Corrientes na Argentina, o Uruguai e o Rio Grande do Sul e Santa Catarina até Cananéia no litoral. Um segundo ramo partiu para leste do Paraguai e chegou ao mar pela baixada de Paranapiacaba, reencontrando os que vieram do sul. Estes grupos permaneceram com hábitos próprios não se misturando aos outros grupos. Foi este grupo o primeiro encontrado pelos jesuítas, com os quais aprenderam o guarani. No Nordeste brasileiro foram diversos os grupos que ocuparam a região até o litoral.O nomadismo é o principal fator de não termos melhores informações sobre os índios que viveram no Brasil na época. Pois além de guerrearem entre si, não tinham como os outros povos da América (Incas, Maias, Astecas, etc) uma base urbana estável, onde se processam trocas, se cultivam valores sócio-econômicos e servem de marco físico-histórico pelas suas construções. A aversão à vida sedentária foi o maior entrave de convivência com o branco. O Vocabulário apresentado pelo autor procurava à época (antes da reforma ortográfica de 1943), apresentar um estudo da origem de inúmeros vocábulos indígenas que haviam sido passados para o linguajar paulista. Em ordem alfabética apresenta exemplos que ocorrem na composição de palavras como: "á" = Abá (homem); Anhanguera ( de Abá = gente + nh = correr + ang =alma/espírito + uera= solta/separada), ou seja em linguagem popular = "alma do outro mundo". Analisa diversos vocábulos da mesma forma, como Anhembi, Aricanduva, Anhangabaú, etc. Introduz não só o conhecimento linguístico mas também o geográfico, da flora e da fauna quando fala de espécies nativas como o babaçu (frutos grandes), araçá (fruta que tem olhos), o termo "Pindorama" (região das palmeiras); Aricanduva (canavial das araras) - que já seria uma palavra formada posteriormente pela influencia da introdução na região do elemento cana de açúcar antes desconhecido. Suçuarana (çôo= animal + suára = mordedor), ou ainda "suaçú" = veado + arana = parecido (animal parecido com veado) , etc. No Apêndice apresenta uma visão das tribos indígenas pela ótica de cronistas e viajantes como Hans Staden sobre a antropofagia entre os aimorés. Destaca também o papel do colono, das bandeiras, a escravização do índio num contexto histórico de uma época como elemento para reforçar a idéia do "índio antropófago", que na verdade foi amistoso, e em muitas ocasiões contribuiu como guia, intérprete e defensor do território.
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