Ovos-PONCHE
(NELSON PASCARELLI FILHO)
Eu estive a pensar em algo por demais assustador: o quase-medo!O que tem a me dizer sobre o quase-medo? Oswaldo? Hoje, pela manhã degustei ovos-ponche e ouvi Carlos Gardel às 6:45 H. Sabe o que significa ouvir um lamurioso tango na voz de Carlos Gardel às 6:45 H? Meu vizinho perguntou-me se eu estava bem, convidou-me a beber um chopp, pediu-me o vinil emprestado; ele bem sabia que ouvir Carlos Gardel, assim, tão de manhãzinha é um pedido de socorro, alma que clama por um amor que já se foi: dolente-minh'alma. Deus tem todas as horas! Carlos Gardel, pela manhã, às 6:45 H é uma ideação suicida: pano-de-fundo para nós-outros. Já sabe do que estou falando, Oswaldo, velha missão: romper com o segundo-útero. Realidades-possíveis: todas elas perecíveis, basta querer, Oswaldo. Ovos-ponche, lembrei-me deles e de Gardel, esqueci de mim; todos nós-outros eliciam desarticulações, por demais podres. Oswaldo-cara-de-ovo-ponche: sua alma é mole e tem cheiro de enxofre-confidente! Você, Oswaldo, é aquele barqueiro que leva ao inferno os que matam em nome do amor. O quase-medo? Eu nem deveria ter falado sobre isso, Oswaldo, jamais ter ouvido Carlos Gardel às 6:45 H da manhã!
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