Delíro E MORTE DE ZACARIAS M. ZENON
(NELSON PASCARELLI FILHO)
Grandes fêmeas ocas gingavam ao som de atabaques epilépticos. Tudo eu contemplava e nada eu dizia. Partes pudendas cavavam o centro da terra. O Sol fertilizava a minúscula negritude. Repugnantes vermes em lascivo murmúrio abandonavam o nicho adúltero. Cateteres iodados copulavam eternas coníferas. O planeta enchia-se de gozo. Tudo eu contemplava e nada eu dizia. O esplendor mutagênico tolhia-me a fala. De todos os lados ecoava o riso bonachão do Grande-Feitor. Nuvens sangüíneas ejaculavam nobre vinho em planícies apopléticas. Timidamente clamei pelos artistas, mandraques e serafins. Estava só, nú eu estava. Senti a pequenez da minha existência. Feriram a minha masculinidade com a magnitude do além extra-corpóreo. Alucinógenos ululavam em simbiótica putrefação. Grandes fêmeas ocas gingavam ao som de atabaques epilépticos. O ritmo frenético diminuía. A deificação cedia lugar à marcha fúnebre. Ar escasso. Calor sufocante. Visão caótica. Cognição perdida. Arritmias.Síncopes. O monótono tambor soa tetricamente. Parte de mim parte. Algo permanece e vislumbra intensa metamorfose geo-libidinal. Padeço ao som de dissonâncias. Pseudo-sinapses. Exotismo. Caos-anima. Doce tempo cíclico. Paz. Sublime paz. É uma queda para o alto. Doce tempo cíclico. Tudo eu contemplava e nada eu dizia. Grandes fêmeas ocas gingavam ao som de atabaques epilépticos. De todos os lados ecoava o riso bonachão do Grande-Feitor. Nuvens sangüíneas ejaculavam nobre vinho em planícies apopléticas.O deus pitagórico recebeu-me num trono algébrico. Triunfa a lógica. De cima vejo a gosma verminal banquetear meu soma. Paz. Sublime Paz. Doce tempo cíclico. Cíclico. Cíclico. Cíclico. Cí-clico. Cí-cli-co. Cí-cli-co. Cí-cli-co! Astros multicelestiais giram em eixos imaginários. Axis-introitus! O eu calado une-se ao todo cósmico. Artesãos medievais remodelam o Firmamento. Há beleza. O tédio é uma metáfora. Cânones, matemática e música. É uma queda para o alto. (Quem são essas mulheres bizarras?- são as lesmas bufantes que conduzem as rédeas do meu tenaz destino). Letras proto-hindu-européias reluzem no meu túmulo semi-gótico! Sinto em outro a consciência que outrora me pertencia. Delicio-me nessa estrutura ausente. Descanso perpétuo e vazio. Ego dissociado. Ele está em mim e eu não estou Nele. Nulidade das águas e das chamas. Falsa concepção do vazio. Geme o gênese do Caos. Lágrimas cristalizadas que ferem meus olhos. Roedores anunciam galantemente a Peste. Mnemósene abre o etéreo Livro. Os Músicos afinam os Instrumentos. Atabaques epilépticos celebram a conjunção geo-libidinal. Tudo eu contemplava e nada eu dizia. Pulsar oblíquo de espíritos hediondos trazem a triste névoa que escarnece. Tétrica noite sufocante. Visão opaca. Sinto. Não existo. Não ex-isto: Isto! Isto – o Grande-Outro. Grandes fêmeas ocas gingavam ao som de atabaques epilépticos. A Sagração da Primavera. ArtesãosMedievaisQuedaparaoAltoFêmeasOcasPesteMnemóseneComplexaVisãoRoedoresLetrasProtohindueuropéias:Grandes Fêmeas Ocas dançavam ao som de atabaques epilépticos! Tudo eu contemplava e nada eu dizia, eu Zacarias M. Zenon, mamífero bípede nascido de mulher aos 18 dias de dezembro de um ano ímpar qualquer e morto por engasgar com as próprias regurgitações alucinógenas: Bluedeepblue! Saber mais: www.pascarellisciensead.com.br
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