A criação da juventude
(Jonh Savage/tradução de Talita M. Rodrigues)
O livro contraria a idéia embutida que atribui ao rock e geração dos anos 50 e 6 a primazia de revoltas juvenis e de mudanças que ocorreram nos últimos anos. Seu ensaio histórico traz retratos vigorosos das tribos urbanas formadas pelos jovens a partir do século XIX, as quais ele comparava aos punks, surgidos décadas depois.O cinismo da anarquia punk já existia quase um século antes entre gangues nas periferias das grandes cidades.Um exemplo disso foi o caso dos delinqüentes juvenis na Paris dos anos 10 e 20, conhecidos como apaches.Apaches foi um título dado pelo jornal francês Le Martin às tribos comparando-os com os apaches ( índios norte-americanos selvagens).Dedicavam-se as brigas de rua e a pequenos furtos, davam muita importância aos seus vestuários( paletós pretos, camisas coloridas e calças feitas com feltro com bolsos largos.Gostavam da noite parisiense e da dança.Essa afirmação da identidade através das roupas será uma marca constante nas gangues ( até hoje a juventude se identifica assim).A necessidade de pertencer a um grupo foi muito explorado pelos fascistas das primeiras metades do século ( Mussolini criou a eminência parda ou camisas pretas).A Juventude Hitlerista foi criada na Alemanha e serviu muito para o nazismo.Combinando fervor doutrinário, racismo e alta dosagem hormonal a ala adolescente do partido nazista foi um dos pilares do nazismo.O contraponto a eles foram os swing kids ( garotos que adoravam ouvir música americana como o jazz e programas da BBC, o que era proibido). Nos EUA o jazz conseguia romper barreiras raciais e os jovens brancos rendiam-se ao ritmo negro e em alguns bailes brancos e negros dançavam juntos. Surgiram nos EUA então os Swingers ou grupos de adolescentes americanos que dançavam ao som de big bands como a de Benny Godman e eles somente queriam dançara, dançar.Seus trajes eram calças largas, paletós compridos, correntes penduradas no cinto e chapéus de aba revirada para os homens. As meninas trajavam suéter, blusas, sapatos sem salto, soquetes e vestidos pregueados.Aparece então um jovem que com seus olhos azuis e uma bela voz transformou a música americana.Era Frank Sinatra em quem as mulheres mais afoitas atiravam calcinhas e sutiãs.Foi um ídolo comparado hoje ao trio americano Jonas Brother.Sinatra representava o novo espírito americano, hedonista e autoconfiante e seria o motor da indústria do entretenimento( com os grandes musicais de Holywood, onde se destacam Sinatra, Gene Kelly, Fred Astaire, Gingers Rogers entre diversos outros).
Nas décadas seguintes vieram os Beats, jovens intelectuais como Allen Ginsberg e Jack Kerouac desiludidos com o período do pós-guerra e se entregaram ao sexo, ao jazz e ao consumo de drogas e queriam abalar o establishment com recitais de poesia e vestiam-se com camisas sem gravata, boinas e eventuais óculos escuros.Nasce aí o rock-in-row de Elvis Presley, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis entre outros. Nos anos 70 surge o movimento punk com jovens que cresciam em Londres no meio de uma das piores crises econômicas do pais.Uniram-se os adolescentes do subúrbios e os jovens de classe média.O movimento tinha um certo viés anarquista, de contestador.Os jovens vestiam-se com roupas de couro, alfinetes pregados no rosto, cabelos tingidos de cores extravagantes e curtiam um heavi-metal pesadíssimo com drogas e sexo liberados.
O mérito deste livro é mostrar que a juventude há décadas se manifesta de uma maneira uniforme e são manipulados pela indústria do entretenimento.
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