Dom Casmurro
(Machado de Assis)
D. Casmurro (1899/ Realismo) faz parte das três obras de romance realista da chamada "obra madura"de Machado de Assis (os outros são Memórias Póstumas de Brás Cubas ( 1881) e Quincas Borba ( 1892) e, para os teóricos da Literatura é o mais importante e bem acabado romance do escritor. Conta com a personagem mais inquietante de Machado: Capitu, a que tem "os olhos de cigana oblíqua e dissimulada", os famosos "olhos de ressaca".
Depois de cem anos da publicação, o romance continua instigante e inovador, despertando nos leitores a sensação de que, para entender Machado de Assis, há muito, ainda, que estudar.
Distribuído em 148 capítulos curtos e se inicia quando Bento Santiago, um advogado de 50 e poucos anos se dispõe a "atar as duas pontas da vida e restaurar na velhice a adolescência". Para isso, ele precisa contar com o leitor. Precisa também enganá-lo e seduzi-lo a fim de provar que Capitu o traiu. Toma o leitor para concluir isso ou desculpar-se, como um refém, desde o segundo capítulo.
Narrado em primeira pessoa, integralmente contado por Bento Santiago que o conduz de maneira parcial através da linearidade temporal. Como uma armadilha: enquanto quem o lê procura colocar em ordem temporal a narrativa, o narrador vai contando, como quem não quer nada, a sua história de suposições, ciúmes e desconfianças.
História linear: Quando Bento Santiago nasceu, a mãe prometeu que o daria como padre à Igreja se ele crescesse saudável (ela havia perdido um outro filho, antes dele); o pai morreu em seguida e D. Glória criou o menino entre carinhos e mimos. Na casa, ficaram os adultos e seus problemas: a mãe viúva, ainda bonita, a prima Justina, o tio Cosme e José Dias, um agregado, que tem as falas sempre marcadas por superlativos. No início da adolescência, ainda em casa porque a mãe hesitava em mandá-lo para o seminário, Bentinho se apaixona pela vizinha Capitu, amigos que eram desde a infância. E Capitu se apaixona por ele.
Alertada por José Dias, D. Glória resolve mandar o filho ao seminário. Bentinho e Capitu são separados, então, para a grande tristeza de ambos. Mas no seminário, Bento Santiago conhece Escobar Ezequiel, que lá estava para estudar para o comércio, e este lhe sugere que fale com a mãe para pedir ao bispo uma troca: Bentinho deixaria o seminário e D. Glória pagaria a escola a um menino pobre para estudar e ser padre. E assim foi feito. Livre para o amor de Capitu, Bento vai para São Paulo estudar Direito e de lá volta formado. Casa-se com Capitu no mesmo dia que Escobar casa-se com Sancha, a dileta e querida amiga de Capitu.
Desde o início Bento Santiago encarrega-se de algo detestável: disseminar no leitor a desconfiança. Para isso conta episódios em que Capitu é vista como dissimulada (o beijo, o jogo do sério...). Cria, a cada capítulo e com genial maestria, a desconfiança do leitor que, por fim, há de lhe dar razão quanto à traição da mulher. Casados, não tinham filhos. Sancha e Escobar tem uma menina que, em homenagem à amizade deles, recebe o nome de Capitolina.
Capitu engravida finalmente e nasce Ezequiel. É aí que começam os tormentos: para Bentinho, o menino se assemelhava, cada dia mais, ao amigo Escobar.
Um dia, possesso pelo ciúme, resolve ir à cidade e comprar um veneno: quer matar-se. Mas vai ao teatro e vê Othelo, de Shakespeare, drama que trata da tragédia que a desconfiança faz nas criaturas. Ao voltar, oferece numa xícara de café o veneno ao pequenino Ezequiel e arrepende-se na última hora, briga com Capitu que o surpreende a dizer a Ezequiel que ele não é seu filho. E, finalmente, vão Ezequiel e Capitu para a Suíça, num exílio imposto pelo marido desconfiado e infeliz.
Capitu morre na Europa. Ezequiel, já adulto, vem visitar o pai. Mas, ao voltar para as escavações no norte da África, morre de uma febre esquisita.
No fim do romance, o narrador deixa livre o leitor, para escrever a História dos Subúrbios.
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