Vida de Sebastião rei de Portugal
(António Cândido Franco)
Quem foi realmente este rei encoberto, que se perdeu nas areias de África? Para o autor, Sebastião é o paradigma da maneira de ser portuguesa, mais dada às espadas, de papelão e às guitarras do que às espadas verdadeiras e à sangria dos baralhos.É preciso ser poeta ou santo, ou então criança para entender este rei, que deitou fora por uma janela do Terreiro do Paço, a sua coroa de rei da pimenta. Contudo, acredito que Portugal em 1554 tinha mais necessidade das infantilidades de Sebastião do que a astúcia de João III. Portugal depois de João III, precisava mais de uma criancinha cheia de manias e de prodigios que de um general romano capaz mesmo conquistar à África.Portugal é um país de histórias de amor, mas o amor é um sitio perigoso, o que leva a pensar que Portugal é um país de perigos ou de ciladas. A histórria dos pais de Sebastião é uma das histórias de amor mais interessantes, ainda que tenha rarissimos cultores entre os portugueses do presente e do passado. Os pais de Sebastião constituem geralmente uma incógnita, talvez por ambos terem praticamente desaparecido depois do nascimento do principe e terem ambos tido o papel muito diminuto em relacção a Sebastião.A história de Sebastião pode ser a história de um fracasso, mas um fracasso tão cómodo que Sebastião apareceu anos depois de Álcacer-Quibir nas situações mais cómicas e interessates que a história regista. A tragédia de Sebastião, seja como rei ou como simples adulto, tem sempre um lado de farsa que a redime como fracasso. O mais belo lance da história portugusa, é sem dúvida aquele em que dezasseis anos depois de Alcácer-Quibir, Sebastião apareceu em Veneza de olhos levemente pintados com um traço escura, unhas passadas com uma lima, laço de seda à cintura e sinais postiçospostiços ao canto da boca e no pescoço.
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