Resumo de Natal na Barca - Clarice Lispector

Natal na Barca é um conto pequeno mas profundo, comovente e atual; a autora Lygia Fagundes Telles certamente usou de toda sua sensibilidade para escrevê-lo. A estrutura da obra é simples: Foco Narrativo: primeira pessoa: "Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquela barca." Personagens Principais: a narradora anônima que conta a história, uma mulher com um bebê no colo. Personagens Secundários: um velho bêbado, a criança falecida. Espaço: a história ocorre numa barca - "... me encontrava naquela barca ..." Tempo: psicológico - É um flash back de um episódio ocorrido numa noite de natal. Enredo: Natal na Barca narra a viagem de uma pessoa anônima, possivelmente uma turista que numa noite de natal viajava numa barca, para uma cidade da Itália; a barca era simples e nela haviam quatro passageiros. Então a turista, preferindo ficar em solidão, não conversa com ninguém, mas ao tocar na água murmurou: "tão gelada." A partir daí, a mulher com a criança no colo inicia um diálogo, contando os infortúnios que passara ao perder primeiro o marido e depois o filho primogênito. A turista comovida com a história, levanta a ponta do xale que cobria a cabeça do bebê e percebe que ele está morto contudo não tem coragem de contar à mulher o que vira; enfim, amanhece, chegam ao local onde a mulher vai consultar o médico para averiguar a situação do estado de saúde da criança. Para surpresa da narradora, antes de a mulher descer da barca, levantou o xale da criança e ela abriu os olhos. A criança estava viva, com aspecto muito diferente de um morto. Análise - A maioria dos contos de Lygia fagundes Telles possuem algo de sobrenatural e místico; não é por acaso que o conto ocorreu numa noite de natal; natal significa nascimento e lendo a história compreendemos o porquê do título do conto que representa morte e vida, tal qual aconteceu com Jesus, o representante maior do natal. Notamos também que quando a personagem anônima se refere que a água estava gelada durante a noite e a mulher humilde retruca que de manhã tal água é quente,quente e verde, podemos fazer uma analogia de morte versus vida na temperatura da água e na cor verde a esperança. Portanto, quente e verde significa vida e esperança. Aquela mulher simples simboliza muito bem a Maria, mãe de Jesus, em total humildade e fé: perdeu o primogênito que agora vive no paraíso, e tenta salvar o segundo filho, muito doente. A personagem principal que queria apenas ficar só com a sua solidão, haja vista que muita gente não gosta de festejos natalinos é quase obrigada a ouvir a história da companheira de viagem. Penalizada, ao levantar o xale que encobria o bebê, percebe assustada que ele está morto e não tem coragem de relatar tal fato à mulher que fala muito em fé. Sim, ela possuia fé. E foi com esta fé que a humilde mulher chegou a seu destino, levantou o xale que cobria a criança e o viu bocejar, deixando a narradora perplexa. E durante aquela noite de natal um milagre aconteceu: o milagre da ressurreição da criança . E era dia e de dia o rio estava Verde e quente. Verde com letra maiúscula, como está no conto porque o dia tornou o rio quente, significando o sangue quente que nos corre nas veias e Verde, repleto de esperanças a cada amanhecer para quem tem dentro de si, o dom da fé. Esta é a mensagem deixada pela autora ao escrever este conto.

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