BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Caetanagens
(Marcos Bagno; Caetano Veloso)

Publicidade
Referindo-se ao mito de Narciso, na canção sampa, - "É que Narciso acha feio o que não é espelho" - , Caetano Veloso provavelmete jamais imaginaria que tal qual o persongem mitológico seria consumido por sua própria imagem.
Está se tornando comum as bobagens proferidas pelo baiano na mídia, em especial quando o assunto é língua. Nem sabe o Caê que a língua revela muito mais do que se possa imaginar da visão de mundo do sujeito; nem sabe o autor da belíssima London London que a língua também desvela os preconceitos do indíviduo; nem sabe ele o que é linguística, nem preconceito linguístico.
A primeira de todas as besteiras discorridas por Caetano sobre esse tema foi divulgado em seu blog http://www.obraemprogresso.com.br/, condenando acriticamente a pesquisa dos linguístas em favor de gramáticos midiáticos como Pasquale Cipro Neto, num texto intitulado LINGÜISTAS (sic), em que confessa não precisar ser especialista para se manifestar. O alvo principal do texto de Caetano é o linguísta Marcos Bagno e seu livro A Norma Oculta: língua & poder na sociedade Brasileira. Mas Bagno de forma bastante esclarecedora respondeu ao compositor em um texto de título providencial: caetanas bobagens.
A segunda besteira foi dizer, em entrevista a O Estado de São Paulo, que Lula não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Não é o modo de falar de Lula que incomoda Caetano e outros asseclas defensores da eugenia da língua, é sua origem social, é o fato de ser ele nordestino - como o próprio Caetano -, sem formação universitária e torneiro mecânico.
A Norma Oculta de Marcos Bagno, assenhoradamente criticado pelo tropicalista, explica cientificamente e numa perspectiva sociológica que a língua é um reflexo das relações sociais e sendo a nossa sociedade capitalista, isto é, dividida em classes conforme o poderio econômico, o preconceito linguístico constitui-se antes de tudo em um preconceito social.
Percebe-se então no discurso de Caetano a relação existente entre língua e poder que descamba para uma imposição de caráter claramente social. É doloroso para as elites que comandaram o país por 500 anos à custa da exploração e submissão dos considerados inferiores serem liderados por um representante dessa classe social oprimida, rechaçada e marginalizada nesses cinco séculos. A discriminação à fala de Lula não é propriamente linguística, pois o discurso do presidente obedece a uma sequência discursiva coerente e lógica dentro do sistema da língua, desse modo a condenação à fala do presidente é puramente ideológica e de teor social , pois o preconceito linguístico não procede de aspectos inerentes à língua e sim proveniente das relações existentes na sociedade de classes que busca impor diferenças dialetais mínimas dentro de um mesmo idioma de cima para baixo; dos mais ricos para os mais pobres; dos mais “cultos” para os mais “incultos”; dos mais prestigiados aos mais estigmatizados socialmente.
Interessante é que essa língua modelo que Caetano tenta introjetar militarmente para a toda a população não existe nem mesmo no uso concreto da fala dos que a representam. Absurdamente é a imposição de algo que não existe. Prova disso é o projeto NURC (Norma Urbana Culta). Afirma Bagno ter o projeto “revelado (...) uma diferença muito grande entre o que as pessoas em geral chamam de norma culta, inspiradas na longa tradição gramatical (...), e o que os pesquisadores profissionais chamam de norma culta, um termo técnico para designar formas linguísticas que existem na realidade social” (p. 52). Ao passo que por um lado o NURC é elitista porque estabelece como critérios únicos de observação empírica a fala de pessoas supostamente cultas por terem formação universitária e antecedentes biográfico-culturais urbanos , por outro nos comprova ser a imposição da norma padrão uma atitude sem nexo do ponto de vista linguístico, atestando o uso da língua como instrumento ideológico e de coerção social.
Sem sentido o é também o próprio Caetano, parece nem ele mesmo saber sobre o que anda falando. Afimou em seu blog no texto supracitado que Bagno em A Norma Oculta silencia sobre a língua escrita. No livro há um capítulo dedicado a esse aspecto, e ainda  cabe mencionar o papel exercido pela linguística textual, com certeza desconhecida por Caetano. Ao tentar se retratar sobre as farpas lançadas ao presidente disse não intencionar ofendê-lo ao chamar de analfabeto, cafona e grosseiro. Elogia-o chamando de brilhante; culpa o jornal O Estado de São Paulo taxando a edição da entrevista de sensacionalista  para logo mais a frente asseverar não gostar  "dessa mania de que todo mundo tem que adular Lula" e que cafona e grosseiro não são ofensas à ele, são na verdade características dele.
Caetano assim parece querer continuar contribuindo para o enriquecimento da língua portuguesa no Brasil, depois do verbo caetanear, temos agora o substantivo caetanagem significando bobagem.



Resumos Relacionados


- "classificações De Norma Do Português Brasileiro"

- Variação Linguística

- Uma Breve Análise Sobre Alguns Fenômenos Linguisticos

- Preconceito Linguistico

- Preconceito Linguístico- Pessoas Sem Instrução Falam Tudo Errado



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia