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O mestre ignorante.
(Jacques Rancière)

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Jacques Rancière é filósofo francês e Professor Emérito de Filosofia da Universidade de Paris. Nascido em 1940, Rancière aparece como co-autor do livro “Reading Capital”(1968), juntamente com seu professor, o filósofo marxista Louis Althusser. Cortou relações com seu mestre após as declarações dele acerca de Maio de 68, passando a trabalhar sozinho. Passou a escrever sobre o discurso político e questionar o entendimento dos intelectuais acerca das classes trabalhadoras. Também é um dos poucos filósofos (assim como foi Paulo Freire) que escreve sobre a igualdade na educação e pedagogia, sendo esse o tema de seu livro “O mestre ignorante”, de 1991. É sobre este livro que o Professor de Filosofia da Educação da UFRJ, Walter Kohan, escreveu uma análise, sobre a qual discutiremos.
Kohan começa descrevendo a situação do ensino de filosofia da educação nas universidades brasileiras e sul-americanas. Segundo ele, a disciplina encontra-se principalmente nos cursos de formação de professores, nos quais é tomada como um ensino enciclopédico, do qual o aluno sai com uma noção histórica de correntes filosóficas tais, pensadores tais e classificações gerais. Assim, o ensino da filosofia da educação acontece como a transmissão de um conhecimento instituído, que vai de encontro a essência da filosofia em si. Encontramos aí, a primeira lição: “o mais natural, evidente e aceito socialmente acaba sendo, filosoficamente, o mais problemático”.
Nesse contexto, o professor afirma a dificuldade de o livro de Rancière encontrar espaço, justamente por não apresentar essa visão fundamentalista e institucionalizada da matéria, pelo contrário, o seu discurso apresenta o questionamento (o não-afirmado) acerca da profissão de mestre como cargo chefe na maneira de ensinar. Então, temos a segunda lição: “somente pelo paradoxo, entranhados no lodo paradoxal, podemos encontrar algum sentido na educação”.
A leitura do livro é emancipatória, no ponto em que quem o lê coloca em cheque seus próprios métodos e práticas de lecionar. O livro, antes de tudo, busca inserir uma ideia de igualdade entre mestre e aluno, na medida em que a educação do mestre emancipe seu aluno, liberte-o. Segundo o Ranciere, esta é a única educação que vale a pena: a que emancipa, a que liberta. Chegamos, assim, na terceira lição: “só há uma educação que vale a pena: a que emancipa (sem emancipar). Quem não deixa que os(as) outros(as) se emancipem embrutece”.
Rancière ainda discorre sobre o exercício de filosofia da educação, tendo a igualdade como axioma. Entretanto, não se trata da igualdade vista como finalidade, mas já como ponto de partida, pois, ao considerarmos uma finalidade, já estamos afirmando que não somos iguais desde o começo. E, partindo disto, vai até mesmo contra Sócrates, o filósofo que inaugurou os pensamentos sobre filosofia da educação. De acordo com o francês, a filosofia de Sócrates tem apenas uma aparência libertadora. Com Sócrates, o que deveria ser aprendido devia ser ensinado pelo mestre, de modo que o mestre levasse o aluno pelos caminhos do saber, mas sempre onde o mestre queria que este fosse. Sócrates nunca perguntava o que não sabia, e isso o fazia senhor da razão, pois todos os alunos deveriam chegar às respostas dele.
Assim, a educação de Sócrates não emancipava. O próprio Sócrates dava em seu aluno a ilusão da emancipação. O que se pode dizer é que ninguém emancipa ninguém. O que um ser humano consegue fazer é exatamente o que qualquer ser humano pode fazer.



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