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Misto-Quente, Bukowski.
(Charles Bukowski)

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Quando comprei Misto-Quente, de Charles Bukowski, sou sincera em admitir: nunca tinha sequer ouvido falar ou sobre ele (o livro), ou sobre seu autor. Na verdade, o que me levou a comprá-lo foi a dica do meu namorado - sempre um passo a frente de mim nas questões literárias - e a pobre resenha do verso. Digo pobre, porque, agora que li Bukowski, posso afirmar que NADA pode descrevê-lo. NADA. Portanto, todas as sensações e opiniões que vou tentar aqui pôr em palavras são apenas presunção de uma pobre leitora maravilhada.

Misto-Quente traz um relato, aparentemente despretensioso, sobre a infância e adolescência de um rapaz: Henry Chinaski. Os relatos, todos centrados no cotidiano do jovem (muitos fatos baseados nos do próprio autor), mostram sua vida de merda. Sim, merda. Vejamos:

Cresce sem perspectivas, feio, pobre, e cheio de espinhas. Não, espinhas não… crateras de pus espalhadas pelo corpo. Numa casa na qual o pai é um bêbado masoquista, que bate nele por prazer, e com uma mãe que de tão nula na história, mal sei descrevê-la.

Sempre relatando a parte pobre dos Estados-Unidos da 1ª metade do século XX (que na verdade, parece qualquer lugar pobre do mundo, em qualquer época), vemos Chinaski se esgueirar pelas ruas sujas de seu bairro, pelos cortiços imundos, bebendo vinho barato, sempre cercado por perdedores. Seu destino está traçado: será um perdedor também. Mas – e aqui mora toda a beleza do livro – ele sabe. Ele sabe que é feio, cheio de pus, bêbado e perdedor. E, consciente disso, ele não tenta sair desse mundo. Chinaski segue em frente.

Todas as personagens que passam pela vida de Chinaski me fizeram lembrar de alguém. Mas não de alguém em particular. Me fizeram lembrar de nós, seres humanos: sempre falhos, sempre com um pé na lama, sempre na espreita do outro. Tive afinidade com Chinaski. Em alguns momentos, eu realmente senti o que ele sentia. Quem nunca viu a escola, quando criança, como o próprio inferno? (Digam que eu e Chinaski não fomos os únicos, por favor!) Ou quem nunca teve vontade de chutar uma pessoa idiota, por fazer idiotices? Jogar tudo pro alto e encher a cara no bar mais próximo? Se esconder atrás de qualquer subterfúgio para melhor encarar esse mundo ridículo cheio de coisas ridículas, incluindo você mesmo? E, ainda assim, se divertir?

Porém, mesmo com essa carga, que beira o animalesco, Misto-Quente consegue ser poético. Entretanto, ressalto para o mais desavisados que a poesia de Bukowski não é feita de flores, amor e pôr-do-sol. É feita de merda, embriaguez, sangue, sexo e muita decepção. É feita de carne e osso, esfregando nos nossos narizes o lado mais obscuro de nossa face, que sempre queremos esconder.



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