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A cor ausente: um estudo sobre a presença do negro na formação...
(COELHO; Wilma de Nazaré Bahia)

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Ao término da leitura deste livro surgiu a seguinte pergunta: “Qual fora o objetivo?” Claro, demonstrar como as práticas discriminatórias fizeram-se presentes no Instituto de Educação do Estado Pará, como o racismo se manteve e reproduziu na sociedade, como a educação fora reprodutora das desigualdades sociais, entre outros, com certeza foram objetivos conseguidos com maestria. Não obstante, há entre estes objetivos, ou talvez, seja formado pelo conjunto deles, um fim maior. Acredito que “A cor ausente” é um instrumento claro de luta contra as práticas racistas, contra as mazelas sociais que atingem a população negra.

Além de fazer um diagnóstico dos problemas citados acima, o livro torna-se um objeto concreto de luta política para a instituição de uma igualdade racial, juntando-se a outras obras de intelectuais que impunham bandeira contra o racismo e suas diversas facetas.

A análise sobre o papel da educação/escola é preponderante na abordagem da temática sobre a questão racial realizada em “A cor ausente”. Utilizando-se do aporte teórico de P.Bourdieu, a autora vê concretizada em sua pesquisa realizada no instituto de educação, tais teorias, cujo concebem a escola como reprodutora da ideologia da cultura dominante, de uma instituição que mantém as desigualdades sociais ao invés de combatê-las.

Além de mostrar processos de violência simbólica, cujo foi o caso da aluna negra que naturalizou e adaptou a cor branca como parâmetro de beleza. Esse fato é algo assustador haja vista que não é um caso isolado. A naturalização de uma suposta inferioridade que os racializados sofrem é bem abrangente e podemos constatar isso facilmente em palavras como “moreninho”. A utilização de variáveis que tentam tornar o “escuro-claro” é fruto de um processo que o agente social racializado sofre no habitus.

Essa concepção da escola/educação é também abordada por Antônio Guimarães no capítulo “Raça e pobreza no Brasil – a rationale dos estudos de desigualdade racial” da obra “Classes, Raças e Democracia”, pois conclui que a mesma exerce um mero papel de reprodutora da ideologia dominante, do poder simbólico.

A cultura da classe escolar, segundo Bourdieu, é a cultura da classe dominante, até na seleção das disciplinas e nos conteúdos lecionados em sala de aula existe uma imposição de valores de saberes que se adequa as suas exigências. Fica notório, através de Wilma Coelho, que foi isso que aconteceu no IEEP.

O conceito de raça é outra abordagem interessante e merece destaque. Segundo Antônio Guimarães na obra já citada, o conceito de raça vai sofrendo uma inflexão tanto internacionalmente como nacionalmente, principalmente com Florestan Fernandes e suas críticas ao “mito da democracia racial”.

De acordo com o autor, os termos “classe”e “preto” vão caindo em desuso para que o de “raça” ganhe o cenário e mostre um conceito mais político sobre a temática racial. A idéia de raça negra fundiu-se com o de cidadania, ela ganha um aspecto de valorização cultural e político, mostrando que, de acordo com Wilma Coelho, as problemáticas sobre discriminação e preconceito no Brasil têm um cunho racial e não de classes.

A constatação, realizada em “A cor ausente”, de que o preconceito e a discriminação racial são problemas sociais que devem ser combatidos para a consolidação de uma democracia racial, fortalecimento da cidadania e a construção de uma sociedade tolerante, fundamental para percebermos que as soluções teorizadas devem existir na prática. Parafraseando E. Telles, ganhos reais serão conseguidos e alcançados se tais questões forem levadas a sério.

Além das contribuições citadas acima que Wilma Coelho nos proporciona através de “A cor ausente”, está o modo como se reproduziram as formas de discriminação. Se na década de 70 e 80 os alunos sofreram preconceitos, práticas racistas, devido a uma ausência da abordagem sobre a questão, hoje, professores, as formas de segregação são reproduzidas por eles.

“Só a intervenção conscienciosa, resultado da constituição de uma massa crítica relacionada à questão e incorporada à formação, poderá apontar uma luz no fim do túnel”. A essa frase somam-se as vozes de outros intelectuais citados aqui e outros não. Acreditamos que esta luz está sim se formando. São obras, movimentos, indivíduos e grupos que, conscientemente, encaram o problema do racismo e o combatem.



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