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Índios do Brasil
(MELATTI; Júlio Cezar)

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Índios do Brasil é uma obra voltada tanto para intelectuais da área como para leitores interessados na temática. Nela, apresentam-se os indígenas de forma humana, não homogênea, sem estereótipos, sendo capaz de elucidar e atualizar de maneira geral, entretanto, não simplória, os conhecimentos sobre os índios desde o pleistoceno até os dias atuais. Suas configurações sociais, políticas, econômicas entre outras áreas, são abordadas por Julio Cezar Melatti com um olhar que foge de padrões etnocêntricos.
Assim sendo, os indígenas são vistos não como seres indolentes, preguiçosos e pejorativos afins, mas sim, como seres humanos, sem maniqueísmos. Possuem suas concepções de mundo, seus rituais, mitos, preconceitos, mentalidades, enfim, possuem suas histórias, suas próprias razões de ser.
Torna-se aqui importante destacar o conceito de indígena que é abordado pelo autor. O mesmo cita critérios culturais, legais, raciais, desenvolvimento econômico e identificação étnica para sondar tal conceito. Mais importante ainda, é a questão da afirmação de defesa dos seus direitos, que pós década de 70 os indígenas tomam a frente desse processo (2007, p. 41).
Ao contrário do que comumente se afirma as sociedades indígenas tem crescido em número. Os motivos disto, conforme aduz Melatti, podem ser enumerados (pp.48-49), no entanto, o mais importante deles é a questão da reafirmação e reivindicação da identidade indígena, que se dá principalmente por uma reformulação de idéias e políticas indigenistas.
Embasado em mapas e pesquisas de outros intelectuais, Cezar Melatti, realiza um levantamento das línguas indígenas destacando seus e troncos e famílias, fato este que favorece valiosas sugestões para estudos etnológicos (p.61) e ainda contribui para melhor sondarmos estudos das línguas indígenas e suas origens em comum, logo, podem ser abordadas as conexões históricas que ocorreram entre estas sociedades no passado.
Ao utilizar o trabalho de Eduardo Galvão, Júlio César Melatti identifica, perante todo território brasileiro, as sociedades indígenas. Para mostrá-los de modo panorâmico dá mais ênfase à articulação social que à similaridade cultural (p.79), diferindo de Galvão. Durante toda obra é possível ver que as sociedades indígenas possuem práticas culturais diversas e se configuram, mesmo havendo algumas convergências, de maneira distinta.
Uma das grandes contribuições de Índios do Brasil é romper com a idéia da ociosidade indígena. Logo, o autor descreve suas principais atividades, algumas: caça, pesca, coleta, agricultura, plantio de capiões e confecções de artefatos, o que não possui a mesma importância entre as demais sociedades abordadas na obra. Neste aspecto, vale ser ressaltado a imensa gama de conhecimentos e técnicas que tais sociedades possuem e a fundamental importância delas aos seus modos de vida.
A divisão do trabalho por sexo e idade; a questão da propriedade que dependendo do tipo de bem pode ser individual ou coletiva; suas redes de comércio; vida doméstica e interdependência que há entre aqueles que são da mesma família; vida política; rituais de iniciação e transição; suas visões de mundo através das crenças e mitos são pontos abordados pelo autor durante o livro.
Cabe ressaltar, que em todos os aspectos levantados pelo autor, nada pode ser considerado geral para todas as sociedades indígenas. Elas são plurais, o que fora enumerado no parágrafo anterior, não raro, varia de sociedade para sociedade. Portanto, não existe uma identidade, ou visão indígena. Há identidades e visões.
Nos capítulos finais da obra, Julio Melatti aborda a questão das visões e mentalidades que foram configuradas a respeito dos índios, a saber: romântica, estatística e empresarial, não obstante, o mais interessante é quando o autor mostra a visão que os indígenas têm dos ditos “civilizados”, comparando-se com estes, analisando-os e classificando-os.
Atualmente, há uma luta crescente dos indígenas pela conquista plena de seus direitos como cidadãos. Cada vez mais vão ganhando espaço e reconhecimento perante demais setores da sociedade, suas inserções no serviço militar, política, educação em todos os níveis, garantia do direito a aposentadoria e agente de saúde são configurações já concretas e dever do estado brasileiro para com tais sociedades.



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