Resumo de O Invasor - Marçal Aquino

Novela policial densa e
estimulante, “O Invasor” narra os desdobramentos de um crime brutal. Alaor e
Ivan, sócios em uma construtora, a Araújo& Associados, contratam Anísio,
matador profissional, para eliminar Estevão, o sócio majoritário da firma,
porque este se pronuncia contra um contrato com o governo (cujo esquema, que
garantiria a escolha da empresa durante o processo de licitação, já estava todo
planejado). O problema é que Anísio realiza o trabalho encomendado – indo além
do serviço tratado, pois o pistoleiro mata também Silvana, esposa de Estevão –
e procura os dois sócios na empresa exigindo um emprego qualquer na Araújo
& Associados e se instala na construtora.
Anísio é o “invasor” da trama, o
homem perigoso que consegue se envolver romanticamente com Marina, a filha
problemática do falecido Estevão. A presença física ameaçadora e impertinente
de Anísio faz com que Ivan comece a contestar todos os passos, que ele e o
sócio Alaor deram para obter uma vitória numa concorrência por obras do
governo. Porém, aos poucos, Ivan percebe o verdadeiro caráter de Alaor, um
homem ganancioso, tão perigoso quanto Anísio, e, além do mais, proprietário de
um bordel de luxo. Ivan preocupa-se a cada momento com a presença de Anísio e
com a falta de empenho de Alaor em tomar providências em relação à situação.
Mas, quando Ivan conhece uma jovem, Paula (Ivan é casado, entretanto, sua união
com Cecília, de mais de quinze anos, já está em crise há tempos), sua
consciência de culpa aumenta gradativamente, e, ele começa a sentir-se
ameaçado. Pensa em fugir com Paula, a convida a abandonar tudo e sair com ele
da cidade. Contudo, desconcertantes descobertas que Ivan fará mudarão a estória
dele, que da evasão decide-se pela vingança, e posteriormente pela confissão.
“O Invasor”, publicado em 2002, é
resultado do roteiro do filme homônimo, também de 2002, dirigido por Beto
Brant, e roteirizado pelo próprio Marçal Aquino em conjunto com Brant e Renato
Ciasca. A novela dividida em quinze capítulos passeia pelos recantos da
consciência humana onde a certeza se torna dúvida, a verdade perde espaço para
as aparências e o medo tem a vingança como companheira. O “invasor” Anísio
desmonta o castelo de ilusões de Ivan, e denuncia para o próprio que o jogo do
qual ele aceitou participar não admite vacilos. Mentiras, corrupção,
prostituição, suborno, assassinatos são todos elementos de uma civilização que
se digladia em um cenário urbano competitivo e perverso.
O estilo de Marçal Aquino é de
uma linguagem pesada, mas instigante e inteligente. “O Invasor” não possui
reviravoltas abruptas. Apresenta, sim, surpresas que sufocam, angustiam. A
estrutura narrativa de começar alguns capítulos pelo que seria seu desfecho, e
depois revelar como a personagem chegou a tal lugar ou a tal situação mostra-se
bastante eficiente (ver, por exemplo, o capítulo doze). “O Invasor” é uma obra
ficcional que toca nas fraturas expostas desta nossa sociedade hodierna: a
falta de ética e de compromisso.

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