Isaac Newton em Itambé-Ba
(Cassiano Ribeiro Santos)
Uma das geniais intuições do famoso cientista inglês, Isaac Newton, dizia respeito a sua polêmica sobre a natureza das cores: era consenso entre seus pares que as cores projetadas por um raio de luz através de um prisma eram projeções do próprio prisma, isto é, existiam no interior da matéria e não, como provado depois por Newton, modalidades intrínsecas à própria natureza da luz. Para comprovar sua hipótese, Newton usou de um engenhoso experimento: fez um raio de luz natural passar por um prisma posicionado para que somente uma faixa - de cor azul – entre todas as outras do subseqüente leque colorido, penetrasse em uma câmera escura, onde, antes de sair por outro orifício no lado oposto, esse azulado raio decomposto atravessasse novamente outro prisma no interior desta câmera. Se as cores fossem propriedades específicas da matéria, ao cruzar o segundo prisma, o raio azul se decomporia outra vez em um leque multicolorido... O que, evidentemente, não aconteceu. O raio azul do primeiro prisma cruzou o segundo e saiu como entrou: azulinho da silva; provando assim que o azul sempre estivera no interior do próprio raio original, ao lado de outras coloridas gradações e, nunca no prisma ou na matéria, que apenas esbate e refrata as faixas coloridas de acordo com suas peculiaridades. Essa tese já habitava o pensamento do filósofo Robert de Grosseteste, da Universidade de Chartres, durante o que se convencionou chamar de renascimento Carolíngio nas ilhas britânicas (século xiii). Grosseteste tentou construir uma ontologia usando a luz como modelo: haveria, na sua teoria, um único ser para todas as coisas existentes que se distinguiriam entre si por graus de intensidade, seja dentro de uma mesma espécie (o branco fosco das paredes, o branco límpido do linho, o branco excruciante das geleiras...) como também entre as espécies ( a chama que passa de vermelha à amarela e depois à azul quando mais intensa vai se tornando)... Pressupondo uma analogia semelhante, entre pensamento e luz - pensadores diferentes criando diferentes aplicações e matizadas teorias para um mesmo cismar – penso que um dia tive meu momento de físico ou filósofo: Eu era menino e andava encasquetado com o fato de serem preto-e-brancas todas as fotos batidas na superfície lunar, embora soubesse das cores vívidas nas bandeiras, nas cápsulas e nos uniformes dos astronautas. Indagava por que os americanos, com tanta tecnologia, não levavam uma máquina colorida com eles. Um professor explicou-me então a ausência de atmosfera lunar como causa da inexistência de cores na lua: sem uma atmosfera para escandir a luz, sem o prisma, todas as fotos seriam pretas e brancas. Não demorou em que eu visse fotografias de galáxias nos rincões do universo... E elas eram coloridas! Concluí, sozinho, que elas deviam ser envoltas por gigantescas bolhas de gás, o que permitiria que a luz de suas incontáveis estrelas, refratadas no hidrogênio, ganhasse sua peculiar iridescência. Parece uma conclusão de lassa obviedade, mas por se tratar de objetos tão gigantescos e socados na vastidão do espaço (vastidões estas que enchiam de opressão o peito de Pascal), fui dormir me sentindo o próprio Isaac Newton.
Faleceu hoje, no estado da Flórida, o coronel Edward A Murphy Jr.,coronel da força aérea americana e autor da famosa teoria sobre acaso e possibilidades, propagada pela cultura popular em formas de humorados e pessimistas enunciados, do tipo: Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível./ Se você perceber que uma coisa pode dar errada de 4 maneiras e conseguir driblá-las, uma quinta surgirá do nada./ Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série./ A probabilidade do pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.Nada é tão ruim que não possa piorar./...E outras pérolas de triste fatalidade. A seguir sua teoria ao pé da letra, é de se supor que Murphy tenha ido para o inferno!
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