O que é o cérebro II
(Mica 68)
No fim do séc. XVIII e início do séc. XIX, entrámos numa fase em que o cérebro ocupa, finalmente, o lugar central da investigação. O problema da localização da alma deixa de se colocar e surgiu uma questão que ganhou persistência: em que parte do cérebro se encontra localizada uma determinada função?
Foram vários os estudiosos que procuraram avançar respostas para esta pergunta. Meyer, em 1778, procurou diferenciar as aptidões do encéfalo. Vic d’Azyr, médico de Maria Antonieta, em 1786, resolveu mergulhar um cérebro em álcool tornando-o desse modo mais consistente, e pôde observar que a espessura cortical era composta por várias camadas; tal observação terá contribuído para que pudesse descrever as circunvoluções cerebrais. Já Franz J. Gall, (1758-1828) criador da frenologia[1] e o seu discípulo J. C. Spurzheim (1808), estabeleceram a correspondência entre os aspectos externos da estrutura do crânio e as funções mentais. Gall defendeu que o cérebro era constituído por um agregado de órgãos possuindo cada um, uma faculdade psicológica específica.
A partir de meados do séc. XIX investigadores franceses avançaram, ainda mais, no domínio da mente. J. Charcot foi o primeiro a demonstrar em seres humanos como a lesão cerebral dos centros do córtex motor produziam paralisia e epilepsia.
J.P. Broca (1864) descobriu a área do hemisfério cerebral onde uma lesão traumática provocava a incapacidade do doente formar palavras[2]. Na Alemanha, C. Wernicke (1874) descobriu a área que controlava a compreensão da linguagem e a construção frásica coerente. Disfunções nestas áreas serão referidas por alguns estudiosos como causa da dislexia, conforme veremos na segunda parte deste trabalho.
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