Um mundo sem automóveis
(Alex lima)
Um mundo sem automóveis?DÁ PARA imaginar um mundo sem veículos motorizados? Seria capaz de mencionar outra invenção que nos últimos 100 anos teve maior impacto no modo de vida e no comportamento das pessoas? Em muitos países, sem automóveis, não haveria os hotéis de estrada, nem restaurantes e cinemas drive-in. Ainda mais importante, sem ônibus, táxis, carros ou caminhões, como você iria ao trabalho? À escola? Como os fazendeiros e fabricantes levariam suas mercadorias aos centros consumidores?“Uma em cada seis empresas dos Estados Unidos depende da fabricação, distribuição, manutenção ou uso de veículos motorizados”, diz The New Encyclopaedia Britannica, que acrescenta: “As vendas e a receita da indústria automobilística representam mais de um quinto do comércio atacadista do país e mais de um quarto do comércio varejista. Em outros países, essas proporções são um pouco menores, mas o Japão e os países da Europa ocidental estão se aproximando rápido do nível norte-americano.”Há quem diga, no entanto, que o mundo seria melhor sem veículos motorizados. Isso basicamente por duas razões.Congestionamento mundialSe você já rodou sem parar à procura de uma vaga para estacionar, não precisa que ninguém lhe diga que os carros, apesar das vantagens, são um estorvo em áreas com muitos veículos. Ou, se já ficou preso num terrível congestionamento, conhece a frustração de estar encurralado dentro de um veículo que foi projetado para se mover, mas que está forçado a ficar parado.Em 1950, o único país a ter 1 carro para cada 4 pessoas eram os Estados Unidos. Em 1974, a Alemanha, a Bélgica, a França, a Grã-Bretanha, a Holanda, a Itália e a Suécia já haviam alcançado esse patamar. Mas então os Estados Unidos já tinham quase 1 carro para cada 2 pessoas. Atualmente, a Alemanha e Luxemburgo têm perto de 1 veículo motorizado para cada 2 habitantes. A Bélgica, a França, a Grã-Bretanha, a Holanda e a Itália não ficam muito atrás.A maioria das cidades grandes — em qualquer lugar do mundo — está se degenerando em estacionamentos gigantes. Tome, por exemplo, a Índia, na época de sua independência em 1947. Nova Delhi, a capital, tinha então 11.000 carros e caminhões. Por volta de 1993, o número havia ultrapassado 2.200.000! Um aumento astronômico, mas “acredita-se que esse número dobrará até o fim do século”, segundo a revista Time.A Europa oriental, que tem quatro vezes menos automóveis por pessoa em comparação com a Europa ocidental, tem um potencial de 400 milhões de consumidores. Dentro de alguns anos, a situação na China, até o momento conhecida por seus 400 milhões de bicicletas, será outra. Segundo uma reportagem de 1994, “o governo faz planos para acelerar a produção de automóveis”, de 1,3 milhão de carros por ano para 3 milhões até o final do século. A ameaça da poluição“Não há mais ar puro na Grã-Bretanha”, disse o jornal The Daily Telegraph de 28 de outubro de 1994. Isso talvez seja um exagero, mas não deixa de ser preocupante. O professor titular Stuart Penkett, da Universidade de East Anglia, alertou: “Os carros motorizados estão alterando a química de toda a atmosfera.”Uma concentração elevada de monóxido de carbono, diz o livro 5000 Days to Save the Planet (5000 Dias Para Salvar o Planeta), “priva o organismo de oxigênio, diminui a percepção e o raciocínio, reduz os reflexos e causa sonolência”. E a Organização Mundial da Saúde diz: “Cerca de metade de todas as pessoas que moram nas cidades da Europa e da América do Norte está exposta a níveis inaceitáveis de monóxido de carbono.”Segundo estimativas, em alguns lugares as emissões dos automóveis matam muitas pessoas por ano, além de causarem um prejuízo de bilhões de doláres ao meio ambiente. Em julho de 1995, um noticiário na televisão disse que uns 11.000 britânicos morrem anualmente por causa da poluição do ar causada pelos automóveis.Em 1995, realizou-se em Berlim a Conferência do Clima, das Nações Unidas. Representantes de 116 países concordaram que é preciso fazer alguma coisa. Mas, para o desapontamento de muitos, a adoção de metas específicas e o estabelecimento de regras definidas ou a elaboração de programas precisos foram adiados.À luz do que o livro 5000 Days to Save the Planet disse em 1990, era de esperar essa falta de progresso. “A natureza do poder político e econômico da sociedade industrial moderna”, afirmou o livro, “dita que as medidas de combate à destruição do meio ambiente só são aceitáveis se não interferem no desempenho da economia”.Não faz muito, a revista Time avisou que “o acúmulo de dióxido de carbono e de outros gases que causam o efeito estufa na atmosfera pode gradualmente aquecer o globo. As conseqüências, de acordo com muitos cientistas, podem ser secas, derretimento das calotas polares, aumento do nível dos mares, inundação de litorais, tempestades mais violentas e outras calamidades climáticas”.A seriedade do problema da poluição exige que se faça algo. Mas o quê?
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