A Festa de Babette
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Jutland, Dinamarca, metade do século
XIX. Duas irmãs, Martina e Phillipa, belas e desejadas por muitos habitantes da
pequena comunidade onde vivem decidem abdicar ao amor e seguir o pai, pastor
luterano, em seus ensinamentos, nas práticas cotidianas, nas obras de caridade
e, assim, cuidam dele na velhice. Mas ambas despertaram na juventude grandes
paixões; Martina encanta um militar, por quem se apaixona; Phillipa, que possui
uma bela voz, deixa embevecido um famoso cantor lírico francês, mas recusa o
convite de seguí-lo até a França para iniciar uma carreira artística.
O tempo passa, e algo inesperado
acontece. A chegada de uma mulher oriunda de Paris (Sthéphane Audran) ocasiona
mudanças na vida regular das irmãs. A francesa Babette foi obrigada a deixar
seu país devido a perseguição política, e indicada pelo cantor lírico, é
recebida por Martina e Phillipa. Porém, outro evento inusitado ocorre, e
Babette ganha uma pequena fortuna na loteria. Para comemorar decidi ofertar em
agradecimento as irmãs um verdadeiro jantar francês.
“A Festa de Babette”, produção
dinamarquesa de 1987, abarca os mais variados sentimentos humanos: amor,
rejeição, dúvida, mesquinhez, medo, devoção, compaixão, etc. A convicção
religiosa é como um zênite da felicidade terrena para a comunidade, porém as
relações pessoais parecem desgastadas; os rigores dos preceitos empalideceram
diante da decadência da norma e da perda do líder. O passado acompanha
fortemente a todos. Como manter a fé num mundo constantemente ameaçado? O
jantar oferecido por Babette para os velhos membros da comunidade, é um enigma
e um desafio ás certezas, aparentemente inabaláveis.
Experiência baseada nas sensações,
o filme possui um clima soturno, mas contém uma chama de carinho pelos anseios
humanos. “A Festa de Babette” é uma espécie de confronto/comunhão entre a
religião e a culinária, do passado com a insegurança do presente e da fé diante
do prazer. Babette, ao servir seu jantar, realiza uma obra de arte. Arte que
capta a vida, a transforma e valida seus desejos, convicções e despertar
temores e emergências que levaram anos para eclodir. “A Festa de Babette”
recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro de 1987. A produção dirigida por
Gabriel Axel transmite a experiência sensorial da boa mesa, a retribuição
zelosa da gratidão e que a conservação dos costumes (a dizer, muitas vezes
reféns do medo e dos preconceitos) pode ser reavaliado pelo gesto sincero do
desprendimento, do contato destituído de pré-julgamento e do amor à vida (que
tem como concreta barreira sua finitude cronológica). “A Festa de Babette”, adaptação
do livro de Isak Dinesen, cultiva o prazer gastronômico e a arte da amizade em
seu grau máximo.
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