Resumo de A hora da Estrela - Clarice Lispector

Publicado em 1977,pouco antes da autora Clarice Lispector falecer,a hora da estrela é a única de suas obras que enfatiza os aspectos da realidade objetiva. Essa obra foi escrita quando Clarice estava vivendo uma destrutiva corrosão interior por parte de um câncer, a autora retrata sua insatisfação de permanecer nessa situação ,por isso cria uma obra com abertura para o mundo exterior. Também não se pode deixar de observar as circunstâncias históricas em que o livro foi produzido: as inquietações da sociedade civil, as duras conseqüências do fim de uma ditadura militar,tudo isso mostra um caráter social do livro. Um texto solidário em relação aos milhares de nordestinos que migravam para o sudeste em busca de melhores condições de vida. Na ânsia de retratar as situações de modo que a melancolia não tomasse posse da historia, a autora cria um narrador masculino para retratar drama de Macabéa. Ele questiona o tempo todo o seu próprio modo de narrar, o seu estilo, a sua capacidade de compreender Macabéa. Na verdade Rodrigo S.M,narrador, é a essência de Clarice, sua criadora,um desdobramento do próprio eu da escritora. As primeiras vinte páginas de texto são de discussão dos problemas que Rodrigo S.M enfrenta para escrever. Um deles é o estilo a ser empregado. O narrador opta pela simplicidade:

“É claro que, como todo o escritor, tenho a tentação de usar termos suculentos: conheço adjetivos esplendorosos, carnudos substantivos e verbos tão esguios que atravessam agudos o ar(...) Mas não vou enfeitar a palavra (...) Tenho que falar simples.(...) Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho..”

Quanto ao enredo, uma trama simples e de poucas ações. A protagonista como já foi dito anteriormente, chama-se Macabéa, uma moça feia, pobre, muito ignorante,mas que o autor no desenrolar da historia, descobre sua rica peculiaridade. No auge de seus 19 anos, vive no rio de janeiro, na rua Acre, próximo ao cais do porto, compartilhava as vagas de um quarto muito modesto com mais quatro moças(todas chamadas Marias e balconistas das lojas americanas). Ela porém, trabalha numa firma de representantes de roldanas, exercendo o oficio de datilógrafa. Os fatos só começaram a serem narrados, quando a moça é despedida pelo chefe Raimundo Silveira , por incompetência, homem esse que ela nutria uma velha paixão. Porém o chefe compadecido pela humildade da senhorita, resolve não despedi-la. Logo depois, num final de tarde nublado, a moça conhece um rapaz também nordestino,Olímpico de Jesus, com quem namora,namoro esse que dura pouco, pois rapaz ambicioso e de passado duvidoso, troca Macabéa por Glória,amiga da moça,pois acredita que assim terá mais chances de crescer na vida. Passando-se por sentida pela amiga, gloria indica uma cartomante para Macabéa descobrir um possível novo amor. A cartomante arranca confissões da moça humilde e então a ilude com um futuro prospero e um casamento repleto de luxo e amor.
Macabéa sai da casa de madame Carlota, fascinada com o futuro que lhe foi visto nas cartas,e logo ao descer na calçada, é atropelada por um Mercedes amarelo, nesse instante o narrador vai filosofando para camuflar e prolongar a vida da moça, que já esta invalida. Assim, ao que tudo indica, é através da morte que essa pobre criatura, de corpo desengonçado e útero vazio (estéril), cujo sonho era ser artista de cinema, vai encontrar a sua hora da estrela. E com a moça, morre também o narrador, Rodrigo S.M,essa mutua integração entre eles, revela que o narrador fez-se a própria consciência que a moça não tinha.o narrador parece o tempo todo relatar suas próprias reflexões e indagações sobre si mesmo, sobre a vida, o ato de escrever,sendo assim, o personagem mais importante da historia. Quanto a Macabéa, ele declara ama-la embora tenha dificuldades de narrar sua essência. Embora a historia seja dramática, as presenças da ironia e do humor estão presentes o tempo todo. Assim como também a linguagem narrativa de Clarice ,é às vezes,intensamente lírica, apresentando muitas metáforas e outras figuras de estilo.

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