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Yasser Arafat (1929-2004)
(JC)

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YASSER Arafat, é visto pelo seu povo como o pai da Pátria, símbolo do martírio e da resistência ao martírio da diáspora palestiniana, criada pelo estabelecimento do Estado de Israel. Se salvou os seus, porém, ou os meteu num beco sem saída só a História dirá.
Em Israel, não se esconde o alívio de o ver desaparecer. E houve manifestações de contentamento: do ministro da Justiça, por exemplo, que acusou Arafat de ter contribuído mais do que ninguém para fazer do terrorismo uma arma política. Convém lembrar que falar de terrorismo em Israel não é o mesmo que falar de terrorismo na Europa: lá pensa-se nisso quando se vai ao restaurante, quando se levam as crianças à escola, quando se espera pelo autocarro. Foi por isso, e não por ambições territoriais, que se construiu o muro de separação. Judeus ortodoxos dançaram na rua em Jerusalém, com Arafat ainda vivo mas quando já se sabia que o coma era irreversível. (Embora tenha havido quem, ciente de que ele fora toda a vida uma espécie de Houdini político, um sempre-em-pé táctico capaz de transformar em força qualquer fraqueza, sobrevivente a numerosos atentados e a um avião caído no deserto, iria ainda sair do coma.)
Nos países árabes, na Europa, nos Estados Unidos, a morte de Arafat foi recebida sobretudo como uma oportunidade para tentar pôr de novo na calha o chamado processo de paz. Porque, embora haja culpas repartidas pelo seu descarrilamento - de Sharon, dos colonos judeus da margem ocidental do Jordão, da Administração Bush, do Hamas - coube a Arafat uma enorme responsabilidade quando, no Verão de 2000, se recusou a aceitar o que Ehud Barak, então primeiro-ministro de Israel, lhe queria oferecer para um acordo definitivo. Ou por julgar que não seria capaz de convencer os seus de que teriam de prescindir de direito ao retorno, ou por não estar ele próprio convencido, deixou escapar a melhor oportunidade jamais dada aos palestinianos para normalizarem a sua vida.
Arafat vivera muitos anos numa espécie de ambiguidade que lhe dera espaço de manobra. O «Economist» de Londres um dia escreveu que a história do Médio-Oriente teria sido diferente se alguém tivesse ensinado ao senhor Arafat, nos seus verdes anos, que deveria fazer a barba todos os dias ou nunca fazer a barba. Era o tempo da guerra fria, a Organização para a Libertação da Palestina tinha as costas meio quentes, o terrorismo era condenado mas quem o mandava praticar não era necessariamente ostracizado, a generalidade dos estados árabes apoiava a doutrina da OLP que não reconhecia ao Estado de Israel o direito de existir. O objectivo da luta era deitar os israelitas ao mar. Doutrina que Arafat defendeu entusiasticamente até que uma convulsão histórica universal e um erro táctico seu o privaram de aliados importantes. A União Soviética colapsou; a Rússia deixou de lhe mandar armas e passou a mandar mais judeus para Israel. O seu apoio a Saddam Hussein, durante a Guerra do Golfo, enfureceu os estados árabes moderados que lhe cortaram a colecta. Sem armas, sem dinheiro e sem apoio político, resolveu inverter a marcha. A OLP reconheceu o direito à existência de Israel e conversações secretas acabaram por levar em 1993 aos acordos de Oslo, aos apertos de mão a Ithzak Rabin e a Shimon Peres no relvado da Casa Branca de Clinton e, em 1994, juntamente com aqueles dois, ao Prémio Nobel da Paz.
Mas Arafat era um guerrilheiro e um conspirador. Apesar da sua evocação da «paz dos bravos», e dos seus protestos de fidelidade a Oslo, manteve um discurso dúplice - para públicos ocidentais, em inglês ou com intérprete, declarava-se fiel aos novos compromissos assumidos; para árabes, em árabe, quando convencido de que mais ninguém o ouvia, continuava a pregar a destruição de Israel. Tinha renunciado à violência e condenado atentados contra civis mas continuou a encorajá-los. Bem entendido, não foi só ele quem traiu Oslo - todos os governos israelitas subsequentes, de direita e de esquerda, continuaram a construir colonatos em vez de os desmantelarem. E o assassínio de Rabin acabou por trazer o Likud e a sua rejeição de Oslo ao poder. Mas nada enfraqueceu tanto os israelitas favoráveis a um entendimento com os palestinos quanto o terrorismo, autorizado por Arafat.
Não foi um homem de Estado, como Jomo Kenyatta ou Nelson Mandela. É certo que a tarefa destes fora menos difícil: a Inglaterra queria descolonizar o Quénia e todo o mundo, incluindo Margaret Thatcher e Ronald Reagan, estava contra o «apartheid». Com Arafat ou sem ele, os palestinianos sabem que em Washington há um amigo dos judeus na Casa Branca, um lóbi judeu antigo e rico e um lóbi envangelista de apoio ao Israel bíblico, recente e entusiasta. Não vai ser fácil negociar solução decente. Mesmo no mundo paranóide do Médio-Oriente, onde, como na filosofia de Derrida, não se sabe ao certo se a verdade existe, Arafat mentia demais. Desde o princípio: o seu «website» dá-o por nascido em Jerusalém.



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