Gerencia de Projetos
(Airton Tomaz Pereira)
A Gerência de Projetos como uma disciplina e área de conhecimento específica é bastante recente e tem se estabelecido há poucos anos, estando ainda em processo de sedimentação e consolidação. Bem diferente de outras áreas, mais antigas e por isto mesmo mais consolidadas, e com maior reconhecimento e familiaridade por parte da sociedade, como a Engenharia, Medicina, Física, etc. Diante disso, com a crescente demanda por profissionais de Gerência de Projetos, muitas vezes os recrutadores simplesmente aplicam critérios similares àqueles que já utilizam há anos para recrutar profissionais de áreas mais tradicionais. Desnecessário dizer que isto, ao invés de tornar racional o processo de seleção, na verdade torna tal processo uma verdadeira loteria! Esta obsolescência de abordagem tanto para seleção quanto para avaliação de profissionais nos tempos atuais pode ser atribuída à disparidade cada vez maior entre o impressionante crescimento dos saberes das ciências e a mentalidade dos gestores e até traçadores dos próprios destinos de importantes segmentos da sociedade1, que acabam por não conseguir acompanhar a vertiginosa evolução do conhecimento. Isto vale especialmente para a implementação de uma política de avaliação de desempenho e aprimoramento constante de competência em Gerência de Projetos dentro de uma organização.
Embora o guia de desenvolvimento profissional em Gerência de Projetos do PMI, deixa bem claro que somente a competência do Gerente de Projetos não seja a garantia do sucesso dos projetos em uma organização, evidentemente que tal competência tem peso significativo. Existem muitos fatores de maturidade organizacional que também têm peso considerável no sucesso dos projetos. De acordo com o PMCD, a competência pessoal em Gerência de Projetos é derivada de atributos pessoais mais uma estrutura de conhecimentos em Gerência de Projetos. Já a competência no desempenho em Projetos, que fornece maior garantia do sucesso nos projetos de uma organização, depende da competência pessoal em Gerência de Projetos mais a maturidade organizacional em Gerência de Projetos.
A competência para diagnosticar situações, ensinar e aprender conhecimentos novos, as habilidades cognitivas são fundamentais. Neste grupo listam-se o raciocínio analítico, o raciocínio conceitual (abstrato), o raciocínio crítico, e a percepção em várias dimensões (ou pontos de vista). Já é consensual a classificação das habilidades cognitivas em seis níveis8 conforme o grau de utilização destes vários tipos de raciocínio e percepção:
1. Conhecimento: habilidade de relembrar fatos específicos e figuras é o nível mais básico
2. Compreensão: habilidade de entendimento do significado literal de algo
3. Aplicação: habilidade de extrair um conceito ou processo e aplicá-lo em uma nova situação
4. Análise: habilidade de dividir algo em componentes separados, de usar lógica dedutiva, de perceber relação de causa e efeito, de comparar e contrastar fatos e conceitos, de reconhecer padrões
5. Síntese: habilidade de colocar elementos juntos para obter a compreensão de um novo todo, de perceber padrões através de sistemas diferentes, de utilizar a lógica indutiva, de formular teorias e formas de testá-las.
6. Avaliação: habilidade de julgar corretamente idéias, métodos e soluções, assim como o quanto ou a que nível estas atendem os requisitos de uma dada necessidade, ou quão apropriados podem ser, habilidade cognitiva de maior ordem Na avaliação e/ou seleção de profissionais de gerência de projeto, a consideração sobre as habilidades cognitivas é fundamental. Alguém, por exemplo, que não tenha sido muito exigido em sua formação acadêmica, pode ter menos experiência no exercício destas habilidades cognitivas. Esta deficiência é mais comum em instituições mais novas e
sem reputação que se preocupam prioritariamente em arrecadação imediata ao invés de formação de maior qualidade. Por outro lado, é preciso verificar o caso dos mais experientes, se estes se mantêm motivados ao raciocínio crítico, pois é bastante comum, e é um risco profissional a eles, que se acomodem com suas experiências passadas, passando a exercitar-se apenas no primeiro nível de habilidade cognitiva.
O Gerente de Projeto deve ter incorporado como característica comportamental o estabelecimento de metas, o lanejamento sistemático, o comprometimento, o zelo pela qualidade, e a busca de informação. Estas características também compõe o perfil do empreendedor. Como empreendedor, o Gerente de Projeto precisa de capacidade de ação e realização. Isto inclui iniciativa, busca de informação, percepção de ordem, habilidade de persuasão, qualidade e precisão. Aqui envolve aspectos culturais. Quem tem experiência sabe que não é comum em nossa cultura local acreditar em planejamento ao ponto de investir sistematicamente em tal atividade. Inconscientemente se desenvolveu uma concepção perfeccionista de que um plano de boa qualidade, uma vez pronto, não precisaria mais ser mexido, se precisar sofrer muita alteração é porque não ficou bom ou porque fazer planejamento é inviável na prática! Quando na verdade um plano bem formatado é organizado de forma a tornar simples as eventuais alterações que se fazem necessárias durante a execução.
As habilidades cognitivas do Gerente de Projeto aplicadas na área técnica específica de atuação de cada membro se tornam um instrumento valioso para identificar soluções técnicas mais adequadas ao projeto, e principalmente para a soluções de problemas técnicos não previstos.
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