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A fundação do Brasil - 1500 a 1700
(Darcy Ribeiro)

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O autor menciona que os primeiros documentos que falam do Brasil são registros cartográficos de ilhas oceânicas com este nome, que datam de séculos antes do descobrimento. Este nome foi cunhado tendo em vista a extração e o comércio do pau-brasil, usado pelos europeus como fonte de tintura. Os que vinham extrair estas árvores eram chamados “brasileiros”, que então teria dado nome ao Brasil, lugar de brasileiros. Parece que desde o início, portanto, nossa história é cunhada pela idéia da extração, do espólio.Os documentos principais, diríamos oficiais, que tratam da formação da nossa existência são as bulas papais. Em geral estas bulas legalizavam e sacramentavam a expansão européia, dando direitos aos reis e príncipes de apropriar-se das terras e riquezas e escravizar os negros que encontrassem. .Os europeus entenderam que o descobrimento foi o achado de uma terra de ninguém, que só estava esperando a chegada de seus verdadeiros donos. Evidentemente os povos que aqui existiam eram reconhecidos com suas civilizações, sociedades estratificadas e corpos dirigentes mas este povo existia para si mesmo sem qualquer utilidade para o europeu. Eles se constituíam, portanto, numa grande força de trabalho a ser recrutada visando interesses econômicos e religiosos.A primeira percepção que os europeus tem sobre os nativos é que inicialmente eles não eram hereges como os judeus e sarracenos mas sim inocentes  porque não tinham competência para pecar. Para Colombo e Vespúcio as terras descobertas seriam o Paraíso Perdido. O jardim do Éden. Visão esta reforçada posteriormente pelos Papas.O assim chamado “nascimento do Brasil” para Ribeiro se dá através de um documento escrito: a carta ao Rei Dom Manuel, o Venturoso. Os primeiros contatos dos nativos com os europeus foi pacifico. Estes subiam aos convés dos navios e ali dormiam durante a noite. Esta visão paradisíaca dos índios levou os europeus a considerar que eles eram na verdade uma página em branco. Os dois primeiros povoadores que ficaram no Brasil na primeira expedição foram dois degredados. Aliás, Ribeiro afirma que o povoamento do Brasil em seus primórdios pelos brancos europeus, foi caracterizado por um envio dos piores elementos da sociedade .A docilidade do índio brasileiro tornou fácil a exploração do mesmo em mão de obra escrava. Por sua vez, Ribeiro diz que o índio via no europeu seu redentor que os levaria para o Paraíso terrestre. Assim, não só o pau-brasil era levado para fora do País como também uma grande carga humana de escravos índios que se ofereciam aos portugueses pensando embarcarem para a viagem ao paraíso.Na fundação do Brasil, Ribeiro acentua que existiam dois projetos de colonização: um religioso e outro comercial. O religioso, encetado pelos jesuítas buscava criar aqui uma república piedosa. A comercial queria escravizar os índios como força de trabalho para produzir mercadorias.O autor chama a atenção para as três grandes formas de extermínio da população e etnias indígenas do Brasil. A primeira delas é de origem biológica, através das doenças trazidas pelos portugueses como sarampo, gripe, tuberculose, que exterminaram milhões de nativos. Só na Bahia em 1562, em 2 ou 3 meses morreram cerca de 30.000 índios pelas epidemias. A segunda forma de extermínio foi o genocídio. Um dos principais responsáveis por esta tarefa foi Mem de Sá, que levando a efeito a chamada “pacificação” dos indígenas exterminou milhares deles em suas expedições, recebendo elogios do rei Dom Sebastião e até de Anchieta que o considera um herói. A terceira foi o etnocidio( destruição de um grupo ou grupos específicos ) praticamente dizimou nações indígenas como os Potiguara na Paraíba, os Tupiniquim de Pernambuco, os Tamoio no Rio de Janeiro, os Tupinambá, na Amazônia e Maranhão. Um dado interessante sobre a convivência dos brancos com os índios é dado por Ribeiro através da prática do cunhadismo. Na tradição tribal, a única forma de relacionar-se pacificamente com estranhos era integrá-los por meio de parentesco. As índias eram dadas aos brancos e estes se tornavam cunhados dos nativos. Esta relação visava fornecer ao índio mercadoria de troca e ao branco a possibilidade de formar um grupo ao seu serviço.Ao tratar das matrizes étnicas que formaram o povo brasileiro, Ribeiro destaca a contribuição dos índios( que nos legaram a sabedoria ecológica, cultivo de plantas e alimentos naturais) dos negros( a cultura urbana popular, ritmo musical, culinária) e dos portugueses(que Ribeiro acentua como os piores elementos que para cá foram mandados) .Ele compara as 3 raças da seguinte maneira: o lusitano era um desterrado que ansiava voltar a Portugal; o índio guardava sua identidade étnica, mas o negro foi tão desafricanizado, que se tornou um brasileiro de um Brasil que ainda não existia. Por fim, o que caracteriza a sociedade brasileira para o autor, é inicialmente a intenção dos jesuítas em criar aqui uma sociedade utópica.  Ribeiro salienta que sempre vivemos em conflitos muitas vezes sangrentos(índio-invasor/africano-europeu/mi ssionário-povoador/católicos-protestantes/povo-poderosos).Para o trono de Portugal a história oficial era mascarada para esconder este elemento conflitivo que marcou nosso surgimento(Guerra dos índios Tamoios - Quilombo dos Palmares /Cabanagem- os caboclos da Amazônia contra a opressão). Em suma, para ele, somos ainda, pela fusão de raças e culturas um Povo Novo, que ainda está sendo construído. 



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