Resumo de Senhora - José de Alencar

O personagem principal é Aurélia Camargo, uma mulher diferente dos padrões da época. Filha de uma pobre costureira e órfã de pai, Aurélia não aceitava as regras impostas pela sociedade da época, que não admitia a emancipação feminina, e na qual as jovens deveriam ser acompanhadas pelos pais ou parentes e onde os casamentos eram realizados por interesse e se constituíam na realização maior da mulher submissa. Aurélia é um personagem, a meu ver, ambíguo, na medida em que apresenta características libertárias e modernas, mas ainda com resquícios das heroínas apaixonadas dos contos de fadas, atreladas a um amor idealizado. Na realidade, os conflitos psicológicos abordados nos personagens de José de Alencar são característicos de um período de valores decadentes, de uma burguesia que privilegia a superficialidade e o casamento como moeda de troca e possibilidade de ascensão social.
Aurélia era determinada em suas convicções e não desistia de seu objetivo de governar a própria vida e sua casa. A personagem acredita que o amor é o sentimento mais importante da vida e luta ferozmente pela realização desse amor. Acredita que seu amor verdadeiro é Fernando Seixas, que opta por casar-se com uma mulher rica, Adelaide Amaral. Aurélia decide vingar-se e, ao descobrir que seu amor está em dificuldades financeiras, compra-o e, na noite de núpcias, informa que seu casamento é apenas de fachada. Na presença dos outros, fingem um casamento amoroso, e na intimidade se agridem com diálogos ferinos.
Fernando Seixas é o típico homem burguês. Fascinado pela ascensão social e pelos valores superficiais, decide buscar em uma mulher rica a oportunidade de subir na vida. O personagem é capaz de gestos poucos íntegros para ascender socialmente.
Fernando é o verdadeiro herói romântico. Com qualidades extraordinárias e de coração digno, mesmo em situações adversas. Fernando é bom, mas ganancioso. Deixa-se comprar e encara o casamento como possibilidade de ascensão social, tendo em vista que naquela época, o segundo Reinado, vigorava o regime de casamento dotal, no qual o pai da noiva deveria dar um dote ao futuro marido. Fernando representa o amor ideal, invencível, em conflito com a sociedade que o desautoriza e massacra. Fernando era fino, nobre, elegante, educado e extremamente inteligente, segundo o autor.
Em resumo, observamos em Senhora um romance crítico, mas também um certo infantilismo na separação do bem e do mal, dos heróis que se redimem e merecem o amor no final, e dos vilões desprezíveis que nem o amor pode redimir.

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