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Dom Casmurro
(Machado de Assis)

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O romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, publicado em 1856, filia-se ao Realismo. É considerado um dos mais importantes romances da literatura francesa. Madame Bovary é uma mulher excessivamente mimada e sensual que leva uma vida tediosa e medíocre em companhia do marido Charles, um médico fracassa. Ela envolve-se com Rodolfo, um conquistador hábil em fisgar corações infelizes. Madame Bovary começa a fazer despesas que não tem como pagar. Rodolfo a abandona. Ema cai, então, nos braços de Léon, a quem conhecera anteriormente, continuando a acumular dívidas. Pressionada a pagá-las, ela prefere o suicídio à vergonha.
Observamos em Madame Bovary o adultério como personagem principal; Toda a trama se desenrola de forma clara para o leitor. O adultério é claro, explícito. Somente o marido não desconfia de nada. A personagem Ema Bovary é descortinada para o leitor sem subterfúgios, suas contradições são expostas sem véus ou cores atenuantes.
Em Dom Casmurro, por outro lado, o tema principal é o ciúme e não o adultério. Não sabemos, nem nunca saberemos se Capitu traiu ou não Bentinho. O romance é propositalmente ambíguo nesse aspecto. Há sinais de que a mulher poderia ter traído o marido, mas durante o desenrolar da história a possibilidade de que Bentinho seja um psicótico também é aventada.
Na história magistralmente contada por Machado de Assis, Bentinho e Capitu, criados juntos, apaixonam-se e casam-se. Escobar é apresentado como o melhor amigo de Bentinho. Dois anos após o casamento, nasce Ezequiel, e Bentinho, que vinha se revelando inseguro e ciumento, vê na criança o retrato de Escobar. Ele deixa claro à Capitu as dúvidas quanto a sua conduta e a do amigo. Escobar morre, prosaicamente, nadando no mar. As lágrimas de Capitu conduzem Bentinho à idéia de suicídio, homicídio e, por fim, de separação. Ela parte com o filho para a Suíça e lá vem a falecer. Quando Ezequiel, já homem feito, retorna, Bentinho não consegue ver nele senão o retrato do amigo morto. Ezequiel, que era arqueólogo, parte novamente, vindo a morrer em uma expedição a Jerusalém. Bentinho, então, escreve sua própria história, procurando convencer-se, e ao leitor, da traição de Capitu.
Através de um estudo do ciúme, Machado aborda a personagem principal da obra: a linguagem. É ela que desconcerta, envolve, brinca com o leitor e com suas emoções. Machado manipula as palavras de forma a envolver o leitor e o seu bom senso. O enigma da traição de Capitu ainda busca solução.
Machado reescreve a história de Desdêmona de Shakespeare e Ema de Flaubert. Capitu apresenta a presumível inocência de Desdêmona e a culpa de Ema Bovary.
Apesar de Machado de Assis não ter conhecido Freud, seu romance é um grande exercício de psicanálise. Uma denúncia da hipocrisia do ciúme e do machismo.
A discussão da traição é inútil, embora confunda o leitor em muitos momentos. É o ciúme que deve ser discutido em uma autopsicanálise. A fábula da dúvida. Afinal, é essa a verdadeira força motriz do adultério.
Capitu traiu ou não o marido com seu melhor amigo, Escobar? A questão, no fundo, é irrelevante, pois para entendermos o perfil psicológico de Bentinho, basta sabermos que ele acredita ter havido adultério.
Também é irrelevante se o fato que desencadeou o ciúme - a forma intensa com que Capitu fitava Escobar no velório deste, perturbando Bentinho a ponto de impedi-lo de pronunciar o discurso fúnebre – ocorreu na realidade ou apenas existiu na imaginação do personagem.
No despertar do ciúme, teve papel certamente preponderante o sentimento de culpa que carregava Bentinho por não cumprir a promessa de sua mãe, de tornar-se padre e daí o ressentimento inconsciente contra Escobar, que o ajudara a dissuadir a mãe de seu intento, permitindo seu casamento com Capitu.
A culpa e o ressentimento eram tão fortes que Bentinho esteve a ponto de suicidar-se. Não o fez e depois de ter perdido a mulher e humilhado a ela e ao filho, se tornou o Dom Casmurro do título.
A estratégia de Machado marca a complexidade e domínio de técnica narrativa, que ao apresentar um tema recorrente do Romantismo, articula-os de forma realista. O extremo cuidado, no âmbito do delineamento psicológico dos personagens, com que arquiteta cada averiguação de Bentinho sobre os atos de Capitu não deixa espaço para uma construção sentimental.



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