Diógenes EM VIAGEM - FÁBULAS
(ESOPO)
Também nos parece que esta fábula não seria de Esopo. Mas, como é bem ao estilo do nosso Sábio fabulista, vamos repeti-la. O filósofo do cinismo chegou à travessia de um rio que estava bastante cheio e ele não o conhecia, ficando parado e triste com medo de atravessar. Aí, um homem acostumado a passar o rio, percebeu o problema e o levou aos ombros até o outro lado. Mais triste ficou do outro lado por ser totalmente pobre pela sua filosofia e não tinha como retribuir a gentileza. A seguir observou que o mesmo homem ajudou na travessia outro viajante que parecia nem precisar de ajuda. Avaliando os dois atos, teria dito Diógenes ao profissional da travessia: Poderia agradecer teu ato, se tivesse sido praticado em atenção a minha pessoa, talvez como frágil físico de um filósofo. Mas agora vejo que o fizeste por obrigação ou compulsão. Dizem os comentadores que "quem faz o bem sem discernir se as pessoas o merecem, poderá passar-se por tolo". ANÁLISE - Frente aos homens, essa seria a conclusão mais aceita. Porém, será que Diógenes estaria ferido em seu orgulho por não ter sido distinguido? Embora seja essa a aparência da narrativa, devemos observar que as sombras mandam neste mundo e são elas que produzem esse bloqueio dos discernimentos. Como Diógenes era um filósofo crítico de observação aguçada e pedindo a todo tempo que as pessoas pensassem, é claro que ele compreendeu que era o Poder Obscuro que estava agindo por meio do trabalhador voluntário compulsivo, de modo que, todos os agradecimentos que este recebesse, além de agradarem às Sombras, mantinham-no na ilusão tranqüilo para ser sugado. Mas, será que essa observação teria ajudado a acordar o carregador da travessia do rio?
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