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A função do orientador: dever e honra
(Eva Paulino Bueno)

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Nós que trabalhamos com o ensino de línguas estrangeiras sabemos uma coisa importante: porque uma pessoa é falante nativo de uma determinada língua, não quer dizer que esta pessoa saiba ensinar aquela língua a outros que não a falam, ou mesmo que entendam os mecanismos da língua. O bom professor de língua estrangeira tem empatia com seus alunos, e re-visita o sentimento de fragilidade de seu aluno tentando de vez em quando aprender outra língua estrangeira. Isto é, o professor de qualquer assunto que passa muito tempo sem questionar e sem interrogar sua prática pedagógica “de fora”, como se fosse desde o ponto de vista do aluno, certamente vai virar um fóssil ensinante. Se você é um destes professores, sugiro que faça o seguinte exercício: dê os seus cadernos e seus dados antigos a um aluno, e sente-se com os demais estudantes um dia em sala de aula, e observe enquanto o aluno imita a sua atitude diante da turma. Ponha-se na posição do seu aluno, que está tentando entrar na área, aprender um ofício, dar uma contribuição à sociedade, ganhar a vida com a profissão. Se você não tem dinheiro ou tempo para participar de congressos, convide colegas de seu departamento para um grupo de discussão um dia da semana, ou um dia por mês, ou um dia por semestre. Se os danos que podem ser causados pelo professor são muitos, os danos causados pelo orientador são ainda piores porque o orientador está posicionado, atualmente, de maneira ainda mais crucial que a que tinha antes, porque agora, não só os mais intelectualmente maduros e enrijecidos — estudantes de mestrado e doutorado — têm que lidar com orientadores, mas desde a faculdade já existe esta figura na vida do aluno. Mas isto não quer dizer que estes alunos já conheçam todas as manhas da profissão para a qual estão se preparando, ou os macetes dos respectivos departamentos acadêmicos junto aos quais estão tentando conseguir graduar-se. O orientador se reúne com seu orientando, explica o processo dos papéis, dos requisitos, da burocracia. Sem ter que necessariamente estar a favor da papelada, o orientador mostra ao orientado o caminho das pedras pela boca da cachoeira.
A segunda função do orientador é animar. Mas o orientador deve estar disponível e ser competente suficiente para mostrar as muitas veredas da profissão ao seu orientando, e a ajudá-lo a ver as possibilidades, as vantagens, e mesmo as desvantagens.
A terceira função é transmitir entusiasmo pela profissão. Qualquer carreira, levada a sério, é não somente a maneira do estudante ganhar o seu sustento, mas uma maneira excitante de participar do mundo, de contribuir ao diálogo, ao progresso de todos. O orientador que está sempre puxando o aluno pra baixo, lembrando-o do reduzido número de empregos, é como uma toalha molhada jogada em cima de uma vela.
A quarta função é ser um profissional decente e realmente orientar a monografia, projeto, dissertação, ou tese. Isto não quer dizer que o orientador tenha que saber tudo do assunto que o aluno está trabalhando. Mas o orientador deve estar disponível para ver o que seu aluno pretende trabalhar, documentar e desenvolver o seu trabalho final. O orientador precisa colocar-se no lugar de seu orientando, “usar suas sandálias”, e, como supostamente tem mais experiência que seu orientando, ele deve reconhecer um projeto que vê que não tem futuro, ou que exija mais tempo e mais recursos que o orientando tem a seu dispor para terminar seu curso, e alertar o seu orientando para estes perigos.
E aquele orientador que, por razões políticas alheias ao projeto coloca empecilhos no caminho de seu orientando, deve fazer uma auto-análise e reconsiderar as razões de estar na profissão. Certamente haverá outras pessoas com mais tempo, mais conhecimento do material, mais dedicação ao ensino, mais honestidade, que poderão ocupar a posição para maior proveito de todos.



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