Bilhete A ANTONIO
(NELSON PASCARELLI FILHO)
Ninguém é feliz impunemente, Antonio! A minha necessidade de ser amado e admirado encontrou certa satisfação no ato de ensinar, nos livros e nos escaninhos dos imundos lupanários paulistanos. E a família? Ela deu-me os andaimes do real, assim enlouquecerei devagar, talvez tome banhos diários na velhice.Está de bom tamanho, Antonio. Apesar de toda angústia, existir é interessante desafio volitivo. Você sabe o que isso, né? Esse querer do querer, tão dissimulado...Cá está seu livro de xadrez que pretendo lhe devolver em meio alcoólico, repleto de risos e causos de rebuceteios intensos.Contas de luz, água e gás estão em dia!Dei um vestido novo para mamãe.Mereço degustar torresmo com cachaça mineira! Você conseguiu fazer sua mamãe feliz, Antonio?Pobre da inocente criança que acredita nessa farsa! Como se essa fosse a única missão de uma criança na humanidade...Decidi que nesse ano devo estudar profundamente as sinfonias de Mahler, não sei se Bernstein gravou todas elas.A conta do cartão de crédito ainda não chegou, deixa quieto: voltarei a usar as lindas abotoaduras de madrepérola!Flores.
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