“O Ano Mil”
(FRANCO JUNIOR; Hilário.)
O texto é um resgate da mentalidade da época medieval. Portanto, o autor faz uma breve análise histórica da percepção de tempo no mundo medieval e ratifica que o tempo é uma realidade psicológica de suma importância para a formação ideológica para os povos do ocidente, bem como para grande parte das suas formações sociais. Por isso, com o intuito de possibilitar um panorama mais completo da realidade deste período, o autor sugere uma divisão do universo cultural em três aspectos: clerical, vulgar e intermediário. Estas culturas foram influenciadas pela realidade social, política, religiosa e econômica do período compreendido entre 980 e 1040. Por isso a desintegração do Império Carolíngio, as invasões dos povos nórdicos e mulçumanos e o “domínio dos leigos” na Igreja Católica corroborou para o surgimento do feudalismo que chocava não só pelo caráter bélico e pelo ingresso dos cristãos em novas atividades econômicas (mal vistas pela tradição cristã) – como o comércio.
Para a cultura clerical (dizia respeito à classe eclesiástica- que do ponto de vista oficial era letrada) – A ideia de um fim do mundo era totalmente aceitável, contudo, havia resistência para a determinação de um prazo para tal realização.
Já para a cultura vulgar (Ligada aos leigos, estava inserida a tradição oral) – O fim parecia inevitável. Este público iletrado se inspirava nas esculturas que tratavam do tema, já que não tinham acesso às diversas traduções do texto de João. Ao longo deste período as contestações sociais e espirituais caminharam juntas. O autor vê nesta mentalidade a resposta revoltada das camadas sociais mais populares à imposição dos valores sociais defendidos pela cultura oficial.
A cultura intermediaria que é a fusão entre as duas perspectivas anteriores, caracterizava-se sobremaneira tanto pelo cristianismo douto quanto cristianismo laico. O fim do mundo era visto pela cultura intermediária como algo esperado. E segundo o autor este “fim” seria o início de uma nova era de mil anos cheia de felicidade terrena para a humanidade.
Em função de ser claramente um sintoma e ao mesmo tempo uma ferramenta de contestação o milenarismo foi visto como algo negativo pela igreja, contudo, o autor observa que nem mesmo ela conseguiu ficar imune ao seu fascínio.
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