A triste historia de uma menina chamada Isabella
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Ontem, 26 de Março, o Brasil parou para acompanhar o desfecho de uma história triste e comovente: o julgamento do Alexandre Nardoni e Ana Jatobá, pai e madrasta, acusados de assassinar a pequena Isabella de apenas 7 anos, atirando seu corpo pela janela do décimo quinto andar do edifício London, em São Paulo, depois de agredi-la e estrangulá-la.Durante cinco dias, as pessoas se aglomeraram, gritaram, brigaram, dormiram ao relento, clamaram por justiça. Equipes de tevê disputaram espaço diante do fórum de justiça, se esforçando para trazer as melhores imagens, e a informações mais acuradas daquele que foi considerado o maior julgamento da história do Brasil. Principalmente pela grande comoção popular, em que mulheres de todas as idades, credos, faixas etárias se colocaram na pele da mãe da menina.Foram dias difíceis para todos. Para os pais dos acusados, para a mãe da vítima, para a imprensa, para o promotor, para o advogado de defesa, para os jurados, e até mesmo para quem assistia tudo de longe, acompanhando o caso pela tevê, internet, jornais. Só mesmo os réus pareciam, segundo relatos de quem esteve presente no julgamento, impassíveis, inertes, insensíveis à tudo.Há quem dissesse que os réus aparentavam a mais absoluta frieza, há quem dissesse tratar-se de desprezo. O certo é que o país os condenara por antecedência. Porque em lugar nenhum do mundo, seja na América, no Japão, no Iraque, em qualquer que seja o lugar o papel de um pai é proteger o filho e não atirá-lo pela janela.É verdade que a defesa contestou os fatos, pôs o trabalho da perícia em xeque, confrontou a autenticidade das evidências. É o trabalho de um advogado, o de defender seus clientes, é para isso que são pagos. Aliás, muito bem pagos, pois os réus são oriundos de famílias abastadas, de boa educação. Alexandre, o pai da menina Isabella, é filho de um advogado e estudante de direito. Num país onde a pobreza e a falta de oportunidades normalmente são bandeiras erguidas em prol da impunidade, e utilizadas indiscriminadamente para justificar os mais hediondos crimes, desta vez foi motivo suficiente para se fazer erguer a voz da opinião pública. Como podem pessoas de elevado poder aquisitivo, moradores de um condomínio de luxo, cultos, bem informados, se envolverem num crime tão bárbaro?Não, não há desculpa para eles. Assim como aconteceu com Cristiane Richtoffen. Tataraneta do lendário Barão Vermelho, anos atrás, a adolescente de classe alta mandou assassinar os próprios pais e ainda foi chorar no enterro. O crime abalou a sociedade brasileira, que não tolera mais esse grau de perversidade vinda de pessoas que tiveram todas as oportunidades na vida e as transformaram em sangue. Mesmo que fosse inocentada, a jovem correria sérios riscos de vida, e não poderia viver em paz. O Brasil não tolera mais a impunidade. É por isso que, Alexandre e Ana, foram condenados e punidos de forma exemplar. Quando o juiz anunciou a condenação e estabeleceu a sentença, as pessoas diante do tribunal chorara, gritaram, comemoraram, soltaram fogos de artifício. Se algum turista desavisado passasse naquela região da cidade, talvez pensasse que um gol da seleção brasileira acabara de acontecer.Não se tratava de um jogo de futebol. Mas era uma vitória. Muitas mães sentiram o mesmo que a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira: uma sensação de alívio, um sentimento de a justiça havia sido feita, e que toda a dor, toda a luta não fora em vão.Logo após o término do julgamento, os réus foram levados de volta aos presídios onde já cumpriam prisão preventiva. Na saída do tribunal, populares tentaram se colocar na frente dos caminhões que levavam não mais os suspeitos, mas sim os condenados, e foram afastados pela polícia com gás de pimenta.Mais tarde o promotor do caso, o doutor Cembranelli, tal qual verdadeiro paladino da justiça, saiu para uma entrevista coletiva na frente do tribunal. Foi recebido pelo povo com aplausos e ovações. Mais uma vez, era como se ali estivesse não um homem da lei, um magistrado, e sim, uma estrela do nosso futebol. Seu semblante estampava a marca da vitória. O povo estava com ele, e sabia que havia feito o melhor. Futuramente, talvez até se esqueçam do seu nome, o que é comum no Brasil. A não ser que seja um piloto de fórmula 1, ou um jogador de futebol, é o que sempre acontece. Mas muitos lembrarão dele, lembrarão também do rosto da pequena Isabella estampada nas camisetas de pessoas que sequer a conheceram, e um dia cada uma dessas pessoas que acompanharam essa triste história daqui dez, vinte anos, ainda acordarão com um sentimento no peito, uma sensação de dever cumprido, de justiça aplicada.Talvez nesse dia, o Brasil não seja mais o país do futuro, e seja enfim, a terra da justiça, onde a paz predomine e filhos não seja capaz de matar seus pais, e pais não sejam capaz de matar seus filhos.
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