Mudança de Rumo - Parte 3
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Desde que havia saído de SP havia tomado decisões em 3 anos que muitas pessoas levam uma vida para tomar. Até aquele momento em 3 anos minha vida profissional mudou nos seguintes cargos, bancário, instrutor de informática, líder de ensino, coordenador de escola, coordenador de vendas, supervisor de vendas, gerente de vendas. Bom, estava no ápice. Ganhando o salário mais alto que já havia ganho em minha vida. Agora era a hora de reestabelecer-me financeiramente. Em 3 meses meu nome estava limpo. Minhas contas pagas mensalmente. Em 5 meses como Gerente de Vendas fui classificado como melhor gerente. Ganhei um troféu que guardo comigo até hoje. 5 gerentes mais experientes concorrendo diretamente comigo. Fiquei com a pior região de Curitiba para trabalhar. Riam de mim quando falava que iria visitar um cliente a 200km de distância, mas cheguei em primeiro lugar em vendas. No mesmo mês a unidade de Curitiba foi a melhor unidade do Brasil. Logo, estava sendo o melhor gerente da melhor unidade. Que sensação maravilhosa. Ainda lembro do prazer que tive em chegar em casa e mostrar a minha esposa aquele troféu, a meia duzia de copos e o saco térmico que havia ganhado por ter chego em 1º lugar. Um abraço e o reconhecimento de minha esposa pelo meu empenho. No mês seguinte fui convidado a ir a Bahia para o Congresso Nacional de Gerentes. 3 dias na Costa do Sauípe. Parecia que estava em lua de mel. Pena que dividindo aquele quarto fantástico comigo tava meu antigo chefe careca de Itajaí ao invez de minha esposa. Tudo bem, cerveja a vontade de graça. Cervejas caríssimas, que com certeza, nunca compraria para tomar pelo preço, mas como desceu gostoso pela garganta. Café da manhã, almoço e jantar preparado por chefes. Uma paisagem fora do comum e somente lideres, gerentes, diretores, presidentes a minha volta. Sensacional. Uma experiência que vou levar comigo a minha vida toda. O conteúdo apresentado no Congresso era inspirador. Postura de líder de mercado, o que não eram. Mudança nas embalagens, mudança na estrutura, investimento em divulgação e até mesmo na cor da marca para o verão. Um show fastástico e quando voltei para Curitiba estava com a corda toda. Nos meses seguintes meus resultados não eram diferentes. Ninguém mais me alcançava nos números. Tava igual ao Schuma na F1. Tentaram por diversas vezes mudar as regras do jogo, mudavam pesos para tentar aproximar a concorrência e criar um espirito de desafio maior na unidade, mas não adiantava. Minha equipe era imbatível. Olhei em meu orçamento mensal e com o salário gordo que ganhava, comprei um carro 0KM, R$35.000,00 60X sem entrada. Até hoje não entendo o que deu na minha cabeça. Foi quando o mesmo grande líder que me havia ensinado a regra do anestesista, me convidou a ir a um restaurante comer comida japonesa por conta e me lançou a seguinte proposta. Preciso que você assuma a equipe que esta com o pior resultado hoje na unidade, pois a região é mais importante que a sua e sei que você pode mudar os resultados dela. Não negava desafios, mas meu salário era comissionado. Mudança em resultados baixava meu salário. Mesmo assim aceitei. Não era qualquer lider que me pedia isso. Era um grande amigo e professor. Foi ai que ganhei uma outra grande lição de vida. "Chefe é chefe, não amigo." O cara colocou o gerente de pior resultado na minha antiga mesa e em dois meses de trabalho o mandou embora e me senti péssimo pois esse sim era um grande amigo meu. Não que eu tenha dificuldades em separar o profissional do pessoal, mas garanto a vocês que o Gerente sentiu a mudança e havia entendido o alerta e que melhorou da água pro vinho quando assumiu minha anitiga mesa, tanto que manteve a liderança que eu havia criado. O problema é que em 2 meses de trabalho eu trouxe sua antiga mesa que a meses caminhava em último lugar para a segunda posição. Por isso me senti tão mal. Bola pra frente. Não tive culpa, nem podia me sentir assim. A decisão não foi minha. Prefiro treinar, ensinar antes de mandar alguém com talento embora. Quando tudo estava uma maravilha, na minha cabeça, veio um susto. Meu chefe me chama para sala de reunião e me aplica um cartão amarelo. Estou tendo problemas com sua postura. Não havia entendido, tentei ir mais a fundo e não obtive repostas sobre "postura". Saí desnorteado da sala, sem saber aonde estava errando. A partir deste dia foram mais 30 de esquarteamento. Meus resultados não mais significavam. Cheguei a 1º lugar e na reunião de apresentação de resultados escutei o termo. "Não gostei da sua apresentação". Passei a criar novas idéias. Passei dias trabalhando das 7 às 23 planejando, criando estratégias e montei um projeto elogiado por todos, inclusive pelo Diretor. Finalizando 30 dias, fui chamado novamente para sala e mandado embora. "Não estou te mandando embora pelos seus resultados". Porque estava me mandando embora. Postura? Nunca havia destratado ninguém. Pequenos atritos entre logística e comercial sempre foram comuns para o andamento do processo. Precisamos vender, precisamos entregar, não podemos devolver. Jogo de responsabilidade acontece. Tinha um bom relacionamento com todos dentro e fora do meu departamento, inclusive com a logística. Nossa afinidade aumentou com uma operação de sucesso em recolhimento de patrimônio. Não havia explicação. Meu mundo caiu.
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