Ler sem ver
(Bruna Cunha)
A leitura é dos instrumentos mais utilizados no processo de formação humana, como tal deve ser acessível a todos, principalmente aos deficientes visuais em que se torna fundamental como meio de integração social e acesso á informação.
Com o surgimento do sistema de escrita e leitura através de Braille, foram abertas novas portas aos deficientes visuais, permitindo aos mesmos lerem com os dedos através de pontos em relevo, identificando assim os códigos contidos no papel como números, letras, palavras, frases e textos, criados a partir de um aparelho denominado Reglete e uma pulsão que os “desenhou” ou dactilografados a partir de uma máquina de escrever Braille.
Sem dúvida que o sistema de leitura em Braille é o mais reconhecido, mas também não nos podemos esquecer da ajuda importantíssima do “ledor” (leitor), que com o seu amor ao próximo, paciência e muita responsabilidade, oferece aos deficientes visuais ajuda em muitas tarefas, como a leitura, gravações, explicações e pesquisas. Esta ajuda do “ledor” só se encontra normalmente em escolas especiais, institutos de reabilitação e audiotecas.
Nos últimos tempos o desenvolvimento da informática veio abrir caminho a muitas possibilidades comunicativas e de acesso á informação, através dos editores de texto, leitores de ecrã e sintetizadores de voz conjugados. Apesar de todas as dificuldades que os deficientes visuais ainda enfrentam, este recurso permitiu a estas pessoas efectuarem tarefas antes impossíveis, como trocar emails, ler com total independência jornais e livros, participar em listas de discussão e jogos de entretenimento. Principalmente aquelas pessoas na vida adulta que por consequência de alguma patologia ou trauma perderam a sua visão ou as que não puderam estudar e aprender o sistema Braille.
Apesar deste recurso contribuir bastante para a integração dos deficientes visuais na sociedade, educação, cultura e mercado de trabalho, infelizmente depende muitas vezes dos recursos financeiros de cada um, da actualização das instituições, faculdades e escolas, portanto o Braille continua a ser indispensável.
Fundamentais são também os serviços prestados pelas bibliotecas, principalmente aos deficientes visuais adultos estudantes, para a leitura de artigos, livros, jornais, revistas, etc…, que são acessíveis através de cassetes analógicas, livros em Braille e Livros Digitais (e-books) que enriqueceram a biblioteca por proporcionar um aumento de qualidade e quantidade de informação disponível ao utente.
Com a cooperação internacional, as bibliotecas desenvolveram o sistema de informação áudio digital normalizado (DAISY) que abre novas possibilidades de relação com a leitura, ao desenvolver uma nova geração de Livros Digital Falados (LDF) que integra:
texto, imagem e som numa tecnologia multisensorial, com interface e conteúdos acessíveis para todos;
a combinação de texto e áudio pode incrementar a eficiência da aprendizagem em aproximadamente 50 %;
facilidades de manuseamento e portabilidade;
navegação intuitiva sob linguagem de hipertexto;
a associação à Banda Larga a médio prazo permitirá o streaming áudio digital a partir de repositórios em linha;
indexação de conteúdos na fonte;
eliminação de conteúdos facultativos;
pesquisa contextualizada;
verbalização opcional dos comandos de aplicação;
leitura sem recurso á visão, movimentos precisos, acções simultâneas ou a dispositivos apontadores, designadamente ratos. A navegação é estruturada de forma lógica e sequencial;
ajustamento de cor, contraste, fontes e tamanho;
interoperabilidade do arquivo;
auto-instalação e reprodução automáticas no computador ou leitor simples.
Todos os deficientes visuais têm de ter muita coragem para superar as barreiras impostas pela vida todos os dias, muitas vezes são esquecidos e não é dado o seu devido valor, o que certo é que são exemplos de orgulho ao conseguirem ocupar um lugar na sociedade, que muitas vezes uma pessoa normal não consegue.
Viver não custa, o que custa é saber viver!
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