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Anotações sobre o pós-moderno e o pós-colonial
(Isaias Carvalho)

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Na compulsão classificatória típica do universo acadêmico e científico, o contraste entre o pós-moderno e o pós-colonial é um dos temas mais recorrentes nas Humanidades, Artes e Letras. As anotações que se seguem foram feitas a partir da leitura de “Pós-colonialidade: projeto incompleto ou irrelevante?”, Mary Louise Pratt (In: VÉSCIO, Luiz E.; SANTOS, Pedro B. (Orgs.). Literatura e História: perspectivas e convergências. Bauru: EDUSC, 1999. p. 17-54).Se, no contexto da América Latina, segundo a crítica Argentina Graciela Montaldo, de um modo geral, o pós-modernismo é tomado inicialmente como uma forma de se refletir sobre o alcance de nossa modernidade, do mesmo modo o termo "pós-colonial" é utilizado nas Américas como uma forma de se refletir acerca da extensão de nossa colonialidade. Desse modo, o prefixo "pós" faz referência ao fato de certas manobras do colonialismo e do euro-imperialismo receberem visibilidade para nós de um modo inusitado em nosso percurso histórico. Porém, esse conceito também se presta para a sugestão do contrário, ou seja, o mecanismo do euro-imperialismo não é mais fundamental para se compreender como o mundo funciona. Do mesmo modo que os outros "pós", o termo "pós-colonial" torna possível certo afrouxamento por parte da intelectualidade metropolitana e cosmopolita, o que traz a permissão para continuarem como atores inconseqüentes de um centro que cria a definição do resto do globo como periferia. Assim, o processo de descolonização do conceito de modernidade trará como resultado um relato sobre o moderno legitimamente global e relacional. Isso possibilitará o fortalecimento das bases conceitual e histórica úteis para os estudos sobre globalização na contemporaneidade. De fato, esse é o núcleo de intersecção das concepções de pós-modernidade e pós-colonialidade. Desse modo, as expressões passam a ter utilidade, não como conceitos que descrevem estágios da situação ou pontos finais, mas como momentos de emancipação, em que certas dimensões basilares da existência se tornam abertas para a reflexão enquanto outras continuam ocultas.



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