Canadá e Antilhas: línguas populares, oralidade e literatura
(Eurídice Figueiredo)
A língua crioula nas Antilhas não é exclusividade dos negros. O béké (senhor de terras e escravos, de descendência dos primeiros colonos franceses) também utiliza essa língua, principalmente quando fala com os negros. Portanto, há aí um caráter relativamente ambíguo: o negro tenta se exprimir em francês porque o crioulo, mesmo sendo sua língua materna, é tomado pelos falantes como um patois, ou seja, um dialeto a ser amado e a ser desprezado simultaneamente. Esse é um exemplo das considerações feitas por Eurídice Figueiredo em seu artigo “Canadá e Antilhas: línguas populares, oralidade e literatura” (in: Gragoatá. n. 1. Niterói: EDUFF, 1996. p. 127-136). Trata-se de uma pesquisa acerca da problemática do idioma francês nas Antilhas e no Canadá. Aborda-se a também a presença do crioulo e de variações regionais. A autora enfatiza a relevância dessa língua popular e da oralidade tradicional no processo de construção de literaturas nacionais antilhanas e canadenses. A respeito do romance antilhano, Figueiredo aponta que não há o processo de criação de heróis ao modo trágico ou com profundidade psicológica. Essa narrativa tem como base justamente a oralidade, numa tentativa de resgatar as tradições populares recalcadas pela ação colonialista alienante. Finalmente, um impasse por que vivem as literaturas que emergem nas Antilhas e no Canadá é apontado: como utilizar uma língua-padrão se ela não é a língua de fato praticada pela comunidade? É também um paradoxo vivido em outros países, como os da maior parte da África, que herdaram as línguas ocidentais e as modularam de acordo com suas circunstâncias de expressão.
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