Ciência e cultura
(Laise Ribeiro Franca)
A revolução científica e tecnológica que marcou o século XX, fez com que cientistas e filósofos reavaliassem conceitos sobre uma visão de mundo secular, cujo resultado foi o desequilíbrio ecológico e a deterioração das relações humanas promovido principalmente pela acelerada industrialização das sociedades ocidentais. Surgiu assim um abismo entre o desenvolvimento científico tecnológico e o desenvolvimento da pessoa humana. A visão de mundo mecanicista foi substituída por um modelo orgânico da natureza como referencial para as teorias das ciências exatas, humanas e ecológicas. Assim como o modelo mecanicista o paradigma ecológico foi adotado para interpretar e explicar as teorias psicológicas, sociológicas, econômicas e modelos educacionais. As idéias principais que sustentaram por mais de trezentos anos o pensamento ocidental ou visão mecanicista-racionalista explicavam um universo formado por corpos com forças atuando entre elas dependendo somente da distância. O funcionamento do universo seria semelhante ao de uma máquina. A matéria seria constituída de partículas sólidas, indestrutíveis, isoladas, formando os blocos de construção do universo. Essas unidades materiais funcionariam segundo as leis de causa e efeito. As partículas se moveriam de acordo com leis eternas e imutáveis. O tempo seria linear, autônomo e absoluto independente do mundo material. Todos os fenômenos físicos são explicados pelo movimento das partículas materiais pela força gravitacional. Contrário ao modelo mecânico, de um universo cheio de engrenagens, o pensamento sistêmico interpreta os fenômenos em termos de sistemas, holístico ou ecológico. A expressão ‘pensamento sistêmico’ apareceu na primeira metade do século XX. Estudos no campo da biologia foi quem primeiro enfatizou a visão dos organismos vivos como um todo integrado, cujas propriedades não podem ser reduzidas às propriedades das suas partes. Esta escola foi chamada biologia organísmica. Posteriormente o pensamento sistêmico foi enriquecido pelos psicólogos e a escola da Gestalt. Aqueles psicólogos descobriram que os organismos vivos não percebem as coisas em termos de elementos isolados, mas em de padrões integrados, no qual todos estão significativamente organizados e apresentam qualidades ausentes nas suas partes. Isto é o que eles chamam uma gestalt. A frase famosa "O todo é maior do que a soma das partes" foi realmente da autoria dos psicólogos da gestalt.O século XX sem dúvida foi um desses períodos de rupturas, da invalidação dos conceitos, ultrapassado e que não reflete a realidade. Tal ruptura deu lugar para outra forma de compreensão e interpretação da natureza como também das relações humanas.A partir daí a idéia de um mundo de sólidos objetos materiais, que se pensava bem definido, desaparece num complexo modelo de ondas de probabilidade. As partículas não têm mais significado como objetos isolados no espaço; elas só fazem sentido se forem consideradas como inter-conexões dinâmicas de uma rede sutil de energia e informações.É a compreensão dessas inter-conexões que permite entender a realidade como um todo e admitir um princípio único na natureza. Em que a realidade é concebida como um grande sistema, uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados, um todo orgânico onde as partes fazem parte de um todo.
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