Lição DE SOLFEJO
(NELSON PASCARELLI FILHO)
Iniciou a sessão de Psicanálise com o propósito de não se queixar da mãe e nem das impotências cotidianas. Resolveu relatar os trejeitos de seu cão e quando o analista lhe perguntou a idade dele, emudeceu e um amaro choro veio a seu peito, sem permissão. Pela primeira vez se deu conta que o cão estava velho demais, que a morte estava próxima, mas isto é uma hipótese. Levantou-se do divã e foi a até a janela, depois, educadamente, pediu permissão ao psicanalista para acender um cigarro. Conversou com o cigarro: - desde os quinze anos! Acho que é você quem me fuma, né? Riu e enxugou os vestígios das lágrimas breves e hipotéticas. Apagou o cigarro, ajeitou a gravata azul marinho e retornou ao divã e disse: - comprei uma gravação rara do Toscanini, regendo Beethoven, 1939 em Londres, que ano terrível foi este! Dizem que Toscanini tinha um gênio terrível, mas ele é meu maestro predileto! Talvez o analista devesse perguntar qual sinfonia, porque Toscanini e não Bruno Walter, mas resolveu calar-se: nem sempre o silêncio do analista é um estelionato... Dois imbecis! Um é um caipira metido a ensinar Filosofia Medieval e o outro, cuspo-lhe a cara se ele cruzar meu caminho. - Você já desautorizou o sofrimento em sua vida? Pausa: 1 e 2 e 3 e 4...Saber mais: www.pascarellisciensead.com.br
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