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A mulher na narrativa brasileira recente. Enquadramentos
(Rosa Gens)

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A partir de uma perspectiva plural, e não mais singularizada, a questão da identidade tem tomado a cena das problematizações contemporâneas. Da subjetivação radical buscada no século XX, quando o conceito de identidade foi moldado – na diferença entre eu o Outro –, no pós-moderno a identidade é o emblema da não-fixidez, diante do espectro de escolhas colocadas. Essas são algumas das considerações iniciais feitas por Rosa Gens em “Enquadramentos: a focalização da mulher na narrativa brasileira recente” (In: SACRAMENTO, Sandra (Org.). Gênero, identidade e hibridismo cultural: enfoques possíveis. Ilhéus: Editus, 2009. p. 99-105). As metáforas imagéticas do título do artigo se coadunam com a subdivisão que a autora faz em três partes: “Emoldurando o tema”, “Esticando a tela” e “Quebrando a moldura”. Nesse sentido, questões identitárias hoje se encontram em ângulos diversos no chamado “circuito da cultura”, que engloba o espaço, a etnia, o gênero, as relações sociais e o território. Rosa Gens defende que é necessário contextualizar como as identidades são construídas, para o quê a literatura é um campo privilegiado de significações, no âmbito da representação (ou seja, o processo cultural pelo qual identidades individuais e coletivas são estabelecidas com base em sistemas simbólicos, segundo Kathyn Woodward), em que se pode dar sentido às experiências. A questão que se abre inicialmente é a da problemática das identidades moventes, especialmente no que concerne ao fato de já não mais se pensar na Mulher, mas em mulheres. O enquadramento se torna necessário nesta questão: como as escritoras fazem o recorte dessas mulheres em palavras, mostrando-as como personagens de uma ficção brasileira contemporânea que não se captura a não ser na pluralidade de rotas e fazeres? Para tal questionamento, o foco central da análise de Rosa Gens sobre o enquadramento da mulher pela mulher escritora é dado por duas autoras da literatura brasileira contemporânea: Beatriz Bracher e Verônica Stigger.  Ao “esticar a tela”, Rosa Gens parte do pressuposto de que toda identidade é relacional. E a primeira obra utilizada para ilustrar esse pressuposto é Azul e dura, romance de Beatriz Bracher (2002), em que a personagem Mariana, através da escrita, tenta (re)compor sua identidade, por meio do relembrar e de seus liames com o esquecimento, este que também instaura a identidade. Assim, Mariana cria-se em linguagem, na potência da escrita, e alega não desejar uma escrita “de mulher”, o que culmina com a constante recusa de papéis (de dona-de-casa, de mãe, de filha, de neta e de esposa) em sua narrativa e a não adaptação às marcas identitárias impostas. Para “quebrar a moldura”, a escritora Verônica Stigger é convidada para falar de como o absurdo pode levar à compreensão do mundo. Assim, essa escritora parte do non-sense para alcançar o real, como em seu livro de contos O trágico e outras comédias (2004), em que se alternam personagens masculinas e femininas que trafegam entre o cômico e o trágico, refocalizando o natural e expondo-o como absurdo. Para ilustrar, Rosa Gens comenta os contos “Janice e o umbigo”, “O mal de Mário Sérgio”, “Maria Aparecida Boca Suja” e “Fobia”. Também de Verônica Stigger, Gran cabaret demenzial, desde seu projeto gráfico, faz referência ao corpo e à criaturalidade corpórea, em textos como “Domitila”, em que uma mulher é mutilada e se mutila aos poucos, como se a mostrar que a desumanidade, através do absurdo, pode levar a se repensar e a se refazer o humano. Em suma, Rosa Gens escolhe analisar textos que criticam a fixidez e propõem a pluralidade, em enquadramentos inusitados. Trata-se, portanto, de um artigo que deve ser lido por todos que se interessam por questões identitárias em geral e pelas questões de gênero, em particular.



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