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O Xadrez das cores
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No filme o Xadrez das Cores, Marco Schiavon, como todo bom cineasta e fotógrafo, se valeu da imagem para comunicar ao espectador sua mensagem. Estão recheadas de conteúdo mesmo as cenas sem diálogo, como a da personagem negra virando o tabuleiro para jogar com as pedras brancas.
 
Desde o desenvolvimento tecnológico que permitiu retratar com verossimilhança pessoas, coisas, animais e fatos, a imagem goza de uma credibilidade ímpar. Para a grande maioria das pessoas as imagens são mais verídicas que os demais métodos de comunicação.

           Contudo, em qualquer imagem, o mundo distante é mostrado por meio de representações. As pessoas filmadas por Marco Schiavon não estão realizando as ações constantes no filme no momento da sua exibição, contudo as imagens representam essas pessoas e essas ações, que se tornaram passado.
 
Os atores podem dizer: “este sou eu”, ao assistirem ao filme. Mas de qualquer maneira aquela projeção de luzes e sombras que forma o curta metragem mostra apenas um aspecto dos atores: a aparência física deles num determinado momento, sob um respectivo jogo de luzes. É mera representação desses atores. Toda imagem é um ser sem estar.                                                           

           Essa abstração é muito complicada para algumas pessoas. Atores vilões de novela já chegaram a ser espancados na rua. A confusão entre o real e o imagético se torna ainda maior entre pessoas com baixo grau de escolaridade. Analfabetos, por exemplo, que só acessam as notícias pela televisão ou pelas fotos dos jornais e revistas, têm muito menos chance de checar a veracidade de uma imagem.
 
O filme traduz a questão do racismo de forma icônica. Por meio de representações, transmite seu conteúdo adequadamente. A imagem associada à palavra tem grande poder. O xadrez é escolhido como símbolo do racismo. A “eterna batalha” entre negros e brancos colocada sob a forma de peças e tabuleiro. Podemos ressaltar alguns momentos de grande significação fílmica: as personagens codificam suas realidades, que a partir de determinado momento do filme se aproximam e se decodificam, produzindo a partir daí uma nova forma de pensamento, resultado do entendimento dos signos pessoais de cada uma delas.
 
De fato, nem mil palavras não poderiam retratar de forma satisfatória o objetivo do diretor. Por meio de hipérboles e estereótipos ele configura uma realidade que se aproxima do espectador e identifica-se com este. Considerando que a obra fosse muda, ainda assim poderíamos apreender a totalidade do significado.
 
De maneira relativamente indiciária, percebemos que Estela, a protagonista branca, depois de muito pensar, se liberta do preconceito e passa a considerar como igual a empregada negra (que não tem nome, justamente porque, representa a generalidade, todos os que sofrem preconceito). Estão no mesmo plano. Como percebemos? As duas rainhas no tabuleiro de xadrez se encontram em posição de igualdade.
 
Se considerarmos a mediação como um processo de filtro e, consequentemente, modificador de situações por meio da apresentação de elementos, a personagem empregada faz mediação, modifica a realidade tanto da patroa, transformando-a em uma pessoa mais ponderada, como das crianças, que passam a ter uma nova perspectiva graças à intervenção da personagem negra.. Na verdade, não é a personagem, mas o diretor Schiavon que intermedeia de forma ética a situação anteriormente apresentada no filme.
 
Da mesma maneira que o diretor Schiavon apresentou uma questão de forma ética, as imagens poderiam ter sido usadas para defender interesses excusos. Assim, apesar da aparente iconicidade dos elementos apresentados em um filme, devemos sempre nos aprofundar nos elementos apresentados. Devemos ter em consciência que esses elementos foram apresentados por alguém e por isso qualquer imagem que seja é ideológica, revela os valores do emissor. Por vezes nem tudo é o que parece ser.



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