Quem descobriu o Brasil? Lula ou Cabral?
(Maílson da Nóbrega)
Maílson da Nóbrega, em que pese ser um dos porta-vozes de um meio de comunicação que faz duras críticas ao governo Lula (o que é saudável em um regime democrático, mesmo que haja exagero às vezes), tece um lúcido comentário sobre o lugar do presidente na história brasileira. Em sua coluna semanal, escreve “Quem descobriu o Brasil? Lula ou Cabral?” (Veja, edição 2163 / 5 de maio de 2010). Antes mesmo de resumir suas ideias centrais, deve-se atentar para o título, que é irônico e pejorativo contra Lula. Mas também deve-se atentar para o equívoco que hoje se tenta eliminar da ideia de “descobrimento”, ou seja, o Brasil não estava “coberto” em 1500. Os termos “invasão” e “achamento” talvez sejam mais indicados. Com essa ressalva inicial, é interessante anotar como Maílson da Nóbrega reconhece o que pode (para a oposição, principalmente) parecer pejorativo para o atual governo, mas que, de fato, é saudável em um regime democrático: a continuidade produtiva do governo de Fernando Henrique Cardoso. Argumenta que a continuidade permitiu que mudanças operadas anteriormente amadurecessem, fazendo com que o país colhesse os frutos, como acontece atualmente, com destaque para o crescimento econômico acima da média dos últimos 25 anos, com a triplicação das exportações, a estabilidade e a inflação baixa. Com isso, ocorreu a expansão das políticas sociais e a consequente redução das desigualdades sociais e da pobreza. Porém, no nível do discurso, o presidente Lula deve receber críticas por se achar o fundador do país, como também afirma Jaques Wagner, governador da Bahia. Isso significa que, na prática governamental, toma decisões maduras de continuidade (não confundir com “continuísmo”), mas em sua fala não reconhece que mudanças tão substanciais não acontecem de um momento para o outro, sem desdobramentos anteriores. A crítica mais contundente que Maílson da Nóbrega faz, portanto, é a de que a história do Brasil tem seus líderes transformadores. E cita como exemplos José Bonifácio, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. Em suma, ao se dizer o marco-zero de tudo, Lula estaria prestando um mau serviço à história. Mas o autor do artigo reconhece que, seja lá o que Lula disser, a história o reconhecerá pelas corajosas medidas de preservação da política econômica e de não forçar um terceiro mandato, evitando a volta da inflação e o abalo das instituições políticas. Finalmente, “Lula é um líder de massas sem paralelo na América Latina. [...] Não precisava, todavia, desconstruir as realizações do passado para marcar seu lugar na história, que parece garantido”.
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