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As fronteiras sumiram! E agora?
(Luiz Carlos Fernandes Navarro)

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Numa análise superficial o título deste artigo contraria a atual tendência, principalmente naquelas regiões permanentemente conflituosas – Israel e Palestina, EUA e México, só para citar algumas - de amuralhar sociedades e pequenas comunidades. Mas, é exatamente pelo sumiço das fronteiras culturais, antes tão bem delimitadas, que se erguem tantas paredes para separar aquilo daquilo que não está bem definido. Convido o leitor a refletir comigo sobre o desaparecimento destas fronteiras culturais, antes tão bem definidas e respeitadas por povos primitivos, o que lhes garantia sobrevivência através da unidade e identidade tribal, ao mesmo tempo em que desencorajava iniciativas em busca da individuação. Sendo a individuação, portanto, a grande motivadora da eliminação das fronteiras culturais. Na sociedade moderna podemos identificar os efeitos e conseqüências deste rompimento cultural em muitas situações vividas individualmente e coletivamente.A globalização, que tem como marco inicial a chegada dos europeus no novo continente – batizado de América –, inaugura a era da cultura global, e finca a sua bandeira no Século Vinte com a queda do muro de Berlim, unindo duas culturas antagônicas, capitalista e socialista. As relações econômicas, com status transcontinental, trouxeram de aluvião a má distribuição de renda que, não é mais exclusividade das denominadas nações do 3º mundo, hoje está ‘distribuída’ em todo o planeta. Segundo informações do instituto de desenvolvimento da ONU, dois por cento dos adultos do planeta detêm mais da metade da riqueza mundial. O movimento e deslocamento demográfico no planeta é assustador, na China por ano mais de 100 milhões de pessoas se transferem da zona rural para a urbana trazendo desdobramentos desastrosos para as cidades, entupidas de gente, 500 mil mortes por ano causadas por intoxicação por poluentes. Não pára por aí, na Europa o movimento xenofóbico recrudesce e esparrama-se por todo o continente. Recentemente a França foi palco de violentas manifestações, resultado do choque do encontro entre grupos culturais diferentes. Este tipo de reação à invasão da fronteira cultural disseminará por todos os continentes, isto é irreversível. No comércio, este fenômeno traça uma nova segmentação e perfil psicográfico do consumidor. Nas próximas décadas a população das favelas, espalhadas por todo o planeta, expandirá atingindo a cifra dos três bilhões de pessoas, estabelecendo uma nova realidade no fluxo de riquezas no mundo dos negócios. De olho neste novo nicho de mercado, bilionário, profissionais do marketing cunharam o termo B2C4B - negócios para Bilhões – com o objetivo de pesquisar o aumento do poder aquisitivo da base da pirâmide social (as classes C, D, E). Esse público representa um imenso mercado potencial. No mundo são mais de 4 bilhões de pessoas nessa faixa de renda e, no Brasil, esses novos consumidores tiveram um incremento de renda superior a 150% desde o início do Plano Real, em 1994. O sumiço das fronteiras também contagiou o território dos cientistas que, cada vêz mais, são convocados a participarem em pesquisas multidisciplinares. A nanotecnologia, vem demonstrando que na dimensão nano-universal tudo está desfragmentado num todo unido.No panorama cotidiano a percepção das pessoas não é diferente. Basta observarmos atentamente em derredor, e os efeitos brotam aos olhos. Para desanuviar estes cenários façamos um paralelo entre os comportamentos animal e humano. Nas savanas os animais com hábito territorial estabelecem “fronteiras” borrifando urina em pontos estratégicos pré-estabelecidos invisivelmente, estes limites são rigorosamente respeitados por todos, e quando transpostos declara-se guerra ao invasor. As cidades, a cada dia, são desfiguradas por verdadeiras fortalezas residenciais, verticais e horizontais, numa tentativa frustrante para impedir a invasão territorial, antes delimitado por fronteiras sócio-cultural. Nas grandes migrações de herbívoros através do continente africano, indivíduos da mesma espécie agrupam-se instintivamente formando uma enorme bola homogênea confundindo os predadores. Instintivamente, em nossa sociedade, indívíduos afins atraem-se formando grupos e tribos através de sinais e marcas – tatuagem, piercing, torcida uniformizada, confrarias - construindo uma estrutura de defesa pessoal, afastando os diferentes e imagináveis agressores. A falta de respeito - ou eliminação - às fronteiras culturais, que outrora eram bem definidas pelos povos “primitivos”, acirrou-se com a invasão no campo da fé, principalmente entre militantes do cristianismo, judaísmo e islamismo trazendo conseqüências desastrosas e inevitáveis para esta e futuras gerações – o mundo não é o mesmo após o 11 de setembro de 2001.Paradoxalmente, a solução para o sumiço das fronteiras, esteja exatamente no reerguimento e respeito às antigas e sólidas fronteiras culturais. Delimitar a expansão global, utopia ou questão de sobrevivência da nossa espécie?



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