O observador e os observados
(Geraldo Lamas)
A coordenadoria das bibliotecas: 36757916-Lapa fará realizar este ano, nova feira de troca de livros de literatura. Uma louvável iniciativa da Secretaria de Cultura.
O evento acontece, uma vez por mês. Numa determinada praça da Capital previamente anunciada. Dia: 30.05.2010 no Ibirapuera.
Os funcionários organizadores, à postos, espalham um MAR de livros usados sobre algumas mesas à vista do público.
Os interessados, fãs de leitura, conhecedores do regulamento oferecem outro livro de literatura ou gibis em pagamento. Debruçam-se sobre as mesas dessas barracas sem fila, à vontade, a procura de um livro que lhes interesse, seja de autor conhecido ou mesmo desconhecido Esse leitor dará acolhida a mensagem contida no livro escolhido o qual chega a um destino.
Toda história traz uma mensagem e todo escritor é desejoso de ser lido, bem recebido, e talvez até recomendado.
Tal movimento faz lembrar aquela lenda da mensagem colocada dentro de uma garrafa arrolhada lançada ao MAR ao sabor do vento e das ondas do oceano.
Ano passado, já navegava por esse MAR um livro amarelinho cuja face, a capa, traz listas verdes em diagonais; fazia parte dessa rotatividade. Enquanto isso um observador tinha sua atenção voltada para esse movimento. Torcia por telepatia feito um paranormal. Eis que ele é o escritor e autor desse livro. Desejava furtivamente conhecer o provável destinatário.
O livro ora estava a frente de um suposto interessado ora era afastado para a outra margem da mesa.
Em um dado momento, alguém apanhou o amarelinho mudando-o novamente de lugar. Esse gesto fez com que outra pessoa, uma moça, o examinasse. Ela devolveu-o a mesa, apesar da torcida do observador. Pegou A MAO E A LUVA de Machado de Assis, susteve o livro na mão, (sem luva), e o ofereceu ao observador. “Grato, já possuo um exemplar” ele respondeu.
Fazia-se tarde e o amarelinho continuava sem dono. O rápido passar das horas assustava o observador. Em breve os livros seriam recolhidos, guardados, quiçá esquecidos.
E fazia eco nos ouvidos do observador a voz de um editor apressando-o Este, desejava conhecer o grau de aceitação daquele romance por parte do público. Afinal, o amarelinho tinha as mesmas condições de ser escolhido, porém, a angustiante expectativa desesperava o nosso observador. Encontrava-se ele nesse absurdo estado psicológico quando avistou um casal e os manteve sob vigília Notou a indecisão deles e se perguntava: O eur os detinha? Davam por finda a sua visita?
De quando em quando davam alguns passos para a frente, ora para trás, e tornavam a parar.
O observador incrédulo de ver seu livro nas mãos de alguém, de bom grado, o indicaria ou mesmo o resgataria e o entregaria a esse casal. Contudo, não estava preparado para aborda-los. Estava pronto, isto sim, para receber uma recusa.
O moço e a moça, ambos, notaram que estavam sendo observados. Um aceno deles facilitaria a abordagem. O observador encheu-se de coragem mediante aquele consentimento. Tinha necessidade disso. Ameaçou aproximar-se . Repentinamente parou confuso. Quedou-se apático. Vislumbro naquele casal os protagonistas do seu romance:NO TEMPO DO AMOR A PRIMEIRA VISTA, da litteris, como que saídos do texto para o presente ou melhor para o futuro.
Nesse 8instante, o casal foi envolvido por algumas pessoas que aumentavam uma platéia. Eis que, roubando a cena, isolando o observador, dois cantadores ao som de dois violões davam início a uma apresentação.e cujo barulho prejudicava um eventual diálogo. As palavras seriam inaudíveis.
Quando ele pôde erguer seu olhar viu ao longe a moça juntar-se ao seu companheiro que a aguardava, mostrando-lhe o amarelinho e desapareceram.
O observador caminhava a esmo e caminhando , a beira da emotividade, desejoso de um novo encontro, quiçá pelo correio. Por e-mail, questi0onava-se: Não foram seis os personagens que procuraram o autor PIRANDELLO
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