A História de Moçambique
(Geraldo Bacelar Antón)
GENERALIDADES
Moçambique, até 1975, viveu sob a tutela do colonialismo português.
O colonialismo, sempre cruel e violento, procurava apenas extrair as eventuais riquezas existentes e garantir posições geográficas estratégicas. Ao povo, nenhum direito. Só em 1961, por exemplo, foi permitida a concessão da nacionalidade portuguesa aos negros.
Mas, havia moçambicanos brancos, filhos dos colonos estrangeiros, educados na Europa. Havia, também, moçambicanos negros, alguns no exílio, que conseguiam estudar e entender a opressão aos quais estavam expostos.
A independência, conseguida em violenta e cruel guerra de libertação, só foi reconhecida oficialmente no Acordo de Lusaka em 07 de setembro de 1974 --- por extrema coincidência, mesmo dia e mês que, segundo os historiadores, Pedro de Orleans, depois D. Pedro I, teria dado o “Grito do Ipiranga” que libertou o Brasil de Portugal, isto em 1822.
PARECE INDICAR QUE O DIA 7 DE SETEMBRO
FOI FATÍDICO PARA OS COLONIALISTAS PORTUGUESES.
Vale ressaltar que, apesar da data de 7 de setembro de 1974 (acordo de Lusaka) ser reconhecida como data da libertação do colonialismo, com o reconhecimento oficial da independência pelos portugueses, só quase 1 ano depois, em 25 de junho de 1975 foi proclamada a independência de Moçambique, com o hastear da bandeira nacional e o célebre discurso de Samora Machel no Estádio de Machava e sua investidura oficial no cargo de Presidente da República Popular de Moçambique.
Talvez por este modelo de poder colonial perverso, tanto sob o ponto de vista da crueldade nas relações com os colonizados quanto na total ausência de qualquer planejamento estratégico, os portugueses, também aqui, são vistos como pessoas brutas, extremamente cruéis e pouco inteligentes. Aqui, as piadas de português são muito mais comuns que no Brasil. Pessoas com nível elevado de educação, como jornalistas e professores, falam abertamente que Portugal é “o País mais pobre da Europa”, e que os portugueses são “burros”, “grosseiros”, “porcos” --- existem outros adjetivos que não cabem neste documento, pelo viés extremamente deselegante como os portugueses são tratados em Moçambique..
A VERDADE É QUE É DIFÍCIL ENCONTRAR, EM QUALQUER PARTE DO MUNDO, ALGUÉM QUE
FALE DOS PORTUGUESES COM ELOGIOS OU PALAVRAS AMÁVEIS.
Claro que existe toda uma mágoa pelos anos de repressão explícita do governo português. Mas, é claro também, pelo menos para mim, que os portugueses existiram como potência colonialista apenas pela sua localização estratégica, na saída da Europa para o Atlântico. Ao contrário de outras potências coloniais que, apesar das arbitrariedades do colonialismo por si mesmo, conseguiam deixar um legado de visão progressista e planejamento estratégico. Os portugueses não. Além da reconhecida falta de competência na gestão das províncias e dos grosseiros costumes legados (falta de educação no trato com as pessoas, falta de higiene pessoal, dentre muitos outros) não deve ser gratuita a fama de pouco inteligentes ou, para sermos mais elegantes, a fama de “lentos no ato de pensar” que se apregoa aos portugueses por onde eles passam.
SAMORA MOISÉS MACHEL
Samora Machel era um homem singular. De simples funcionário público a Comandante da FRELIMO --- Frente de Libertação de Moçambique foram poucos anos. Mal sabia o Governo Colonial Português que, em marco de 1963, ao decretar a prisão daquele “enfermeiro” (auxiliar de enfermagem no Hospital Geral da Capital Lourenço Marques, hoje Maputo) que conspirava contra o poder constituído, ensejaria sua fuga para Dar-es-Salaam, na vizinha Tanzânia e daí, para a guerra de libertação.
A FRELIMO foi criada em 1962 por Eduardo Mondiane e um grupo de moçambicanos que viviam no exílio, expulsos pelo Governo Português.
Samora só foi incorporar-se ao grupo em 1963 e assumiu o comando em 1969, após a morte de Mondiane.
Samora, profundamente influenciado pelo modelo marxista-leninista, tomou treinamento militar na Argélia e em Cuba e participou do inicio da luta armada em setembro de 1964.
Em 7 de setembro de 1974, na cidade de Lusaka, capital da vizinha Zâmbia e importante entroncamento ferroviário, a FRELIMO do Comandante Machel assinou um acordo de cessar fogo e reconhecimento da independência de Moçambique pelo Governo Português.
Mas, havia toda uma “máquina” estatal colonial a ser desmontada, resistências a serem vencidas e, principalmente, a informação necessitava ser transmitida aos cidadãos de uma nação sem unidade lingüística, sem unidade étnica e sem instrumentos de comunicação.
Samora Machel só tomou posse como Presidente de Moçambique em 25 de junho de 1975, após a proclamação da independência e promulgação da constituição do novo país.
A FRELIMO NO PODER
Samora era um líder pragmático. Os desmandos da FRELIMO eram rapidamente explicados pela retórica de esquerda pela qual o bem coletivo supera as necessidades individuais.
CONTA A LENDA QUE SAMORA SOUBE,
ATRAVÉS DOS SERVIÇOS RESERVADOS DE INFORMAÇÕES DA FRELIMO,
QUE A ESPOSA DE UM COMANDANTE QUE PRESTAVA SERVIÇOS NO NORTE DO PAÍS,
ESTAVA DE ROMANCE COM UM ENFERMEIRO.
FOI ATÉ A CASA DO COMANDANTE E, EM CONVERSA COM A ESPOSA, DESCOBRIU,
ALÉM DO ROMANCE, UMA GRAVIDEZ DE UM MÊS.
SEM HESITAR, APÓS FORTE DESCOMPOSTURA NA MULHER,
TRANSFERIU O ENFERMEIRO PARA A PROVÍNCIA DE NIASSA E
DEU UM MÊS DE FÉRIAS “POR BONS SERVIÇOS PRESTADOS” AO COMANDANTE:
CLARO QUE, APÓS ATUALIZAÇÃO DE SUA VIDA SEXUAL, O COMANDANTE
FICOU EXTREMAMENTE FELIZ AO SABER DA GRAVIDEZ
E, DEPOIS, DO PARTO PREMATURO DE SUA ESPOSA.
DE UMA SÓ CAJADADA, SAMORA
TERIA PRESERVADO O MORAL DOS OUTROS COMANDANTES,
QUE NÃO ASSOCIARIAM ESTE FATO ÀS SUAS ESPOSAS,
E, EM ÚLTIMA ANÁLISE, IMPEDIRA UMA POSSÍVEL ONDA DE ASSASSINATO EM MASSA DAS ESPOSAS DOS MILITARES.
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