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Ditaduras
(João Ubaldo Ribeiro)

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Definir se um Estado é ditador ou democrático é um tarefa complicada, visto que muitas ditaduras se mascaram de democracias para se perpetuar no poder. Se enumerarmos os indícios que determinam se um Estado é democrático, como participação popular, liberdade dos indivíduos e de pensamento ou punição de políticos inadequados, concluímos que sem esses aspectos dentro daquele sistema de governo, o que temos será mais semelhante a uma ditadura. Nas ditaduras, o poder de decisão popular se evapora, dando lugar a um sistema em que as decisões de poucas pessoas são impostas a uma maioria, sempre controlada pelos mecanismos de violência que este Estado possui para fazer valer seus interesses, dentro até dos ditames legais. A característica mais marcante das ditaduras é a de que o Estado não pode ser contestado, já que isto configura subversão, enquanto nas democracias este é um ato sadio e normal, até mesmo bem-vindo. Outro aspecto da Ditadura é o controle das informações que chegam ao saber público. Controlando a propaganda e persuadindo, os mecanismos de repressão se tornam ainda mais eficazes. Estes Estados Totalitários são capazes de dirigir a vida de todos através do arraigamento de suas ideologias, e o cotidiano das pessoas fica impregado com o modo de pensar “oficial”. Existem países onde há uma tentativa de se democratizar, mas, o povo ainda sonha com a restauração da ditadura. Existem povos que preferem os regimes totalitários a fim de evitar possíves instabilidades sociais. Em alguns casos, a liberdade individual perde valor frente à possíveis inseguranças sociais. Em alguns sistemas políticos a democracia é prejudicial às políticas públicas. Nestes países as elites vão determinando como tudo deve ser para todos, já que, segundo elas, o povo não sabe pensar, e precisa delas para chegar ao “progresso” necessário. E se o povo der “palpites” var acabar “atrapalhando”. E ficará tudo em paz, desde que povo tenha casa, se divirta e se alimente, deixando os afazeres mais “complicados” para estas elites. O povo é o principal colaborador para esse tipo de sistema, já que pensa só nas suas necessidades básicas e em tirar proveito de alguma situação quando é oportuno. E como um animal domesticado, troca sua dignidade e autonomia pela ração do dia-a-dia, servindo e colaborando com o sistema, mesmo quando não é requisitada a colaboração. As ditaduras sempre caem, pois, é impossível para as pessoas suportar as dominações impostas por ela e suas contradições. As Ditaduras se legitimam através do sentimento mais forte que o ser humano tem, o medo. O medo das possibilidades do presente ou do futuro são manipulados de forma a fazer o povo pensar que esse sistema é capaz de garantir “segurança”. O povo acredita nestes mecanismos por preguiça e irresponsabilidade para tomar as rédeas dos seus destinos, deixando-os nas mãos dos governantes. A Ditadura consegue, por vezes, criar a figura de um líder apaixonante, cujo o povo segue e admira, e sentindo-se orgulhoso de tamanha superioridade, se entusiasma com histórias e façanhas, corroborando facilmente com a ideologia escondida naquela figura ditatorial: o homem duro, forte e implacável, mas ao mesmo tempo, provedor bondoso para seu povo. Na história, muitas civilizações aproveitaram-se da falsificação histórica para promover um ditador, com a desculpa de que, se não tivessem um homem forte no poder, tudo cairía. A disciplina, junto com a humildade, também são fortes conceitos disseminados pelas ditaduras. Ensina-se que se não houver obediência cega por parte do povo e humildade para servir, o país pode ser arruinado. Segundo a ideologia da ditadura, o povo deve ser fisicamente forte, trabalhar em campos e fábricas, e às elites se ocupam do trabalho intelectual, que por sua vez passa ao povo todo pensamento já devidamente “processado”. O pensamento independente, à estas alturas, já se evaporou. As religiões também contribuem com sua parte, sendo re-organizadas de modo a proliferar apenas idéias boas para o regime, as idéias contrárias são maquiavelicamente reformuladas. Algumas ditaduras são tão ineficazes que apresentam uma estrutura de profundo contraste entre os poucos ricos e muitos pobres. A essência da Ditadura, é, em suma, o controle de poucos homens sobre a grande maioria em uma sociedade. O objetivo, independente das variações entre uma ditadura e outra, é sempre aquele de explorar esta maioria, tornando-os pobres e eternamente pertencentes a uma classe servil.

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